Talvez se possa dizer que a Nação seja uma singular criatura, uma estranha obra de arte. Nela sintetizam-se as façanhas da sociedade civil e a força do Estado demiurgo. A comunidade ilusória não é o Estado, mas a Nação que aparece na historia e no imaginario. Tanto assim que ela pode ser barroca, romantica, parnasiana, realista, moderna, labirintica, mágica.
Como sãoo os que a formam, quando lhe incutem a imaginação. Existe uma diferença fundamental entre a visão de sociedade presente entre os autores do "Estado Demiurgo" e aquela dos autores vinculados à noção de "Sociedade Estruturada". Na visão dos autores vinculados ao modelo do "Estado Demiurgo", a sociedade brasileira é considerada fraca, ou seja, desorganizada e insolidária, com poucas estruturas de cooperação entre indivíduos e grupos, criando assim a necessidade de um Estado forte e atuante.
A visão dos autores da “Sociedade estruturada”, por outro lado, é de que a sociedade brasileira tem tradições de liberdade, de organização, de realização da opinião pública e que o Estado é um elemento que dificulta, obstrui ou impede essa liberdade social de se realizar – Tavares Bastos e Joaquim Nabuco são exemplos de autores que enxergam a presença, na sociedade brasileira, de organizações sociais de caráter público que reúnem, mantêm e vocalizam ideias, valores e interesses e que, assim, constituem a opinião pública do país.
Para explicar por quê nos autores vinculados ao modelo da chamada “sociedade estruturada” há uma defesa da diminuiçao da ação do Estado, é preciso ter em mente que, ao contrário da perspectiva do “Estado demiurgo”, o modelo da “sociedade estruturada” enxerga, na sociedade brasileira, a presença de organizações sociais – como clubes, associações, partidos, jornais – responsáveis por vocalizar ideias e interesses, constituindo, assim, uma opinião pública.
Nesse contexto, o Estado desempenharia um papel de sufocamento dessas organizações, por conta do alto grau de taxação que cria sobre elas e do peso que a burocracia estatal exerce sobre a sociedade em geral. Nasce daí a defesa de uma diminuição do Estado ou de uma restrição a atuação dele. Em nossa sociedade se torna como fraca e desorganizada, demandando, portanto, a liderança de um Estado forte, “demiurgo”, quanto autores que consideram, ao contrário, nossa sociedade como forte e organizada, precisando de um Estado mais limitado e menos opressor.
Entre essas duas posições antagônicas, há a tese que defende uma complementaridade entre Estado e sociedade. A ideia da complementaridade entre Estado e sociedade entende que tanto o Estado quanto a sociedade desempenham funções importantes na vida social e política do Brasil, com um Estado ativo e uma sociedade estruturada e organizada.
Dessa forma, não faria sentido opor – seja de maneira suave, seja de maneira dura – dois elementos fundamentais para nossa existência como nação e que tiveram aspectos positivos ao longo do tempo. Para construir uma opinião pública forte e independente no Brasil devemos saber que a preocupação central deveria estar sempre na pauta de todos os agentes públicos, juntamente com a população, para podermos construir também uma sociedade estruturada, e assim atender a todos os anseios sociais.
ADVERTÊNCIA: Todas as informações e opiniões expressas nas colunas são de responsabilidade de seus autores.