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Elza Brito

Elza Brito - Dos cinquenta, sem prejuízo

28/09/16 - 11:29

Imagem ilustrativa

 

 

Uma das coisas que verdadeiramente aprecio no fato de já ter vivido uma boa quantidade de décadas, quase seis, ainda incompletas mas já batendo na soleira da porta entreaberta, é o tanto de tempo que tive de meu. Inclusive o tempo usado para ler e procurar aprender, por pouco que consiga, com tantos e tão variados poetas e escritores.

 

Essas pessoas que nunca saberão o quanto eu lhes sou grata e às quais só posso tentar retribuir o bem que me fazem, divulgando e compartilhando trechos de suas obras com quem também aprecia essas dádivas: os sentimentos que nos chegam através das palavras por elas escritas e que têm a maravilhosa capacidade de se somarem aos nossos próprios pensamentos. São mesmo como as estrelas que vemos, enviando seu brilho navegante pelo espaço e mesmo aquelas que já morreram há séculos continuam iluminando o nosso viver, nos permitindo beber através dos olhos, um pouco da imensa magia que possuem.

 

Com esses hábeis timoneiros a nos guiar, nos tornamos também aprendizes de marinheiros, com o privilégio de navegar em águas diversas e de nelas matar a nossa sede.  Águas às vezes rasas e transparentes, plenas de belezas óbvias, levezas que nada pretendem além de nos oferecer o alento e o refrigério de sua cândida frescura, nos dias de mornas preguiças.

 

Outras águas turbulentas e obscuras, desafiando mergulhos, se recusando a revelar facilmente os segredos escondidos na profundeza de seus mistérios. Estas possuem a tal beleza bailarina da dança dos sete véus, se despindo aos poucos, conduzindo como querem e permitem, revelando apenas uma parte de cada vez. Exigem olhos atentos, sentimentos aguçados, apetites vorazes, atenção à flor da pele....

 

Atravessar também desérticos areais, abandonando o piso do barco conhecido, colocando os pés nos intrigantes caminhos escaldantes, queimando a pele onde esfinges de inesperados poderes nos fitam e desafiam maliciosamente:  

 

_ “Decifra-me ou devoro-te”

 

Poder escolher entre tantas opções aquela que mais lhe agrade, não definitivamente, posto está que neste ponto da viagem já aprendemos que a vida é fluída, líquida como o sangue que corre em nossas veias e se movimenta constantemente em torno de outras e tantas paisagens. Escolher aquela que no momento lhe cai perfeitamente, e só cai de ótimo grado.

 

Hoje senti uma vontade enorme de ler novamente um dos poemas que gosto infinitamente e vou, com Tiago de Mello assumindo o timão deste meu barquinho e com a sua generosa licença, meu caro e paciente leitor, terminar estes meus escritos semanais na nossa coluna SERenIDADE:

 

Como um Rio

 

Ser capaz, como um rio que leva sozinho

a canoa que se cansa,

de servir de caminho para a esperança.

E de lavar do límpido

a mágoa da mancha,

como o rio que leva, e lava.

Crescer para entregar na distância calada

um poder de canção,

como o rio decifra o segredo do chão.

Se tempo é de descer,

reter o dom da força

sem deixar de seguir.

E até mesmo sumir para, subterrâneo,

aprender a voltar e cumprir, no seu curso,

o ofício de amar.

Como um rio,

aceitar essas súbitas ondas

feitas de água impuras que afloram

a escondida verdade nas funduras.

Como um rio, que nasce de outros,

saber seguir junto com outros sendo

e noutros se prolongando

e construir o encontro

com as águas grandes do oceano sem fim.

Mudar em movimento, mas sem deixar de ser o mesmo

ser que muda.

Como um rio

 

(Thiago de Mello)

 

 

 

ADVERTÊNCIA: Todas as informações e opiniões expressas nas colunas são de responsabilidade de seus autores.

 

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