Um grupo de empresários e profissionais de saúde da cidade de Sete Lagoas, na região Central de Minas, está sendo investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) suspeito de planejar a distribuição de ivermectina no município. O órgão instaurou um procedimento para apurar o fato.
Segundo o MPMG, a suspeita chegou à 7ª Promotoria de Justiça de Sete Lagoas por meio de uma denúncia, que apontou a pretensão do grupo de distribuir o medicamento para a população carente da cidade como forma de prevenção contra a Covid-19. A ivermectina não tem eficácia comprovada contra a doença em nenhuma forma, seja na prevenção ou no controle.
A página do PSOL de Sete Lagoas no Facebook informou em uma postagem que o partido foi responsável por enviar a representação ao MPMG.
Um outro post sobre o assunto ainda informa que o grupo se reuniu em uma sala cedida por uma faculdade e que mensagens que circularam pelo WhatsApp mostrariam que 8 mil comprimidos já teriam sido arrecadados.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Sete Lagoas e com a faculdade em questão e aguarda retorno. Este conteúdo será atualizado tão logo as respostas sejam enviadas.
Veja abaixo a íntegra da nota divulgada nas redes sociais na página do PSOL de Sete Lagoas:
"Está circulando em grupos de WhatsApp uma reunião virtualmente com um grupo de empresários, vereadores do município de Sete Lagoas, médicos, inclusive o Secretário de Saúde e outros, montando assim um “grupo de tratamento precoce da COVID 19”.
A mensagem ainda diz que seria “para atender as pessoas carentes que quiserem, e assim ajudar a diminuir contaminação!”
Uma faculdade de saúde de Sete Lagoas teria disponibilizado uma sala em que voluntários podem se cadastrar, se pesar e receber o medicamento, informação confirmada por telefone na recepção da instituição.
Já teriam sido arrecadados 8 mil comprimidos. Na foto que circula pelas redes sociais, que seria um print de tela da reunião, estavam presentes o Secretário Municipal de Saúde, Flávio Pimenta, o vereador Ivson Gomes (Cidadania), empresários e médicos.
Flávio Pimenta já se pronunciou, em seu perfil no Facebook, que “os principais medicamentos que estão sendo utilizados, tanto para combater, quanto para prevenir a Covid, por quem opta pela profilaxia, estão, também desde meados de 2020, disponíveis gratuitamente nas farmácias do município.” Além disso, se vacinou no primeiro dia da campanha de imunização, mesmo não sendo da linha de frente de combate à pandemia.
O vereador Ivson Gomes vem tentando, desde o início de seu mandato, formar uma comissão na Câmara Municipal para “tratamento precoce da Covid-19”.
Medicamentos como a Ivermectina e a Cloroquina não são recomendados para a prevenção da Covid-19, pois não há eficácia comprovada. O próprio fabricante, a farmacêutica Merck, comunicou que não há evidência de efeitos positivos do antiparasitários na terapêutica da COVID.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e a OMS já se posicionaram contra o uso rotineiro do medicamento para prevenção e tratamento da doença pelo novo Coronavírus, reforçando que o medicamento antiparasitário tem apenas indicação para uso conforme o que consta na bula, como no tratamento de escabiose e piolho.
Impressiona como até mesmo instituições de ensino continuam tão negacionistas, diante a tantas evidências. O pior: a campanha ainda pretende atingir a população mais pobre, que têm menos acesso às informações seguras. Não pensaram em fazer uma campanha de arrecadação de máscaras PFF2, ou de álcool gel, de alimentos para quem precisa.
São criminosos, prepotentes e acham que dinheiro compra tudo. Até a vida alheia. Pobre não é cobaia de experimento científico de ninguém. Ou ainda estamos nos tempos de racismo científico, eugenia, em que negros escravizados eram submetidos à procedimentos experimentais de diversas naturezas?
Isso não será tolerado. "
Outra postagem feita também nas redes sociais do PSOL Sete Lagoas, também sobre o tema:
A prefeitura de Sete Lagoas divulgou nota no final da tarde, confira:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação à matéria veiculada pela Rede Globo nesta terca-feira, 27 de abril de 2021, a respeito de um grupo de pessoas que pretendem distribuir o medicamento ivermectina à população sete-lagoana, a Prefeitura de Sete Lagoas esclarece que não tem qualquer envolvimento oficial ou extraoficial com ações de grupos privados, médicos, empresários, simpatizantes e políticos locais com relação a protocolo de tratamento precoce ou imediato para combate à Covid-19.
O Município enfatiza que segue as recomendações e preceitos do Conselho Federal de Medicina, baseadas em evidências científicas que garantam a saúde do paciente. Esclarece ainda que o profissional médico detém autonomia para prescrever a medicação que achar apropriada ao caso, e que cabe ao paciente aceitá-la ou não.
A Prefeitura ressalta ainda que nunca forneceu equipamentos de proteção individual (EPIs) ou insumos aos grupos citados, uma vez que isso fere os princípios do SUS, a saber, a universalidade, a equidade e a integralidade.
Sete Lagoas continua de forma íntegra e efetiva no combate à pandemia, orientada pela Ciência e pelas autoridades estaduais, nacionais e internacionais, sendo inclusive elogiada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) e pela Organização Panamericana da Saúde (OPAS).
*Matéria atualizada em 27/04 as 17:32h
Da Redação com informações de O Tempo
Sete Lagoas Notícias
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