O valor da carne bovina pode sofrer reajustes nos açougues de todo o país nas próximas semanas, conforme apontam análises de especialistas do setor. A elevação nos preços está relacionada à redução na oferta de animais para abate e aos efeitos do término do período de estiagem, fatores que historicamente influenciam o mercado pecuário.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), os primeiros dias de outubro registraram aumento nos valores da carne em São Paulo e em outras regiões pesquisadas. O levantamento indicou que o clima seco e a escassez de pastagens contribuíram para a queda na oferta de gado de pasto.
A analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões, explica que, durante a estiagem, o manejo do gado torna-se mais difícil devido à baixa qualidade dos pastos, o que costuma elevar a quantidade de animais encaminhados para o abate. Ela observa que, para contornar o problema, alguns produtores recorrem a alternativas como rações à base de milho e soja, que ajudam a manter os níveis nutricionais do rebanho. “Entretanto, há quem não consiga se preparar para esse período e opte pelo abate antecipado dos animais, o que aumenta a oferta em determinados momentos do ano”, destaca.
Simões aponta ainda que o ciclo pecuário atual difere dos anteriores, pois os altos índices de abate de fêmeas entre 2024 e o primeiro semestre de 2025 reduziram a disponibilidade de bezerros e, consequentemente, de bois prontos para o abate. “Essa menor oferta tende a gerar uma recuperação gradual nos preços pagos ao produtor, o que também pode refletir no custo final ao consumidor”, avalia.
A tendência, segundo a analista, é que esse movimento se estenda até 2026. “Esperava-se que o ciclo se revertesse ainda no primeiro semestre de 2025, mas isso não ocorreu. Apesar da leve recuperação observada neste ano, em relação a 2024, quando os preços estiveram abaixo da média histórica, o processo de reajuste deve continuar de forma gradual”, complementa.
O coordenador de bovinocultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Nauto Martins, acrescenta que, apesar de 2025 ter apresentado um regime de chuvas mais regular e distribuído, a qualidade das pastagens ainda é inferior ao ideal, o que pode impactar a carne e o leite. “A menor qualidade do pasto influencia diretamente o marmoreio da carne, reduzindo a concentração de gordura intramuscular e, por consequência, o valor de mercado. No caso do leite, há uma redução nos sólidos, o que compromete a qualidade do produto final”, explica.
Martins reforça que, durante a seca, a produção de leite sofre com a diminuição da disponibilidade de alimento natural, afetando tanto o volume quanto a qualidade. “Com menor captação por parte das cooperativas e laticínios, a oferta no mercado cai e o preço tende a subir, refletindo também no bolso do consumidor”, conclui.
Da Redação
Sete Lagoas Notícias
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