Pesquisadores da NYU Langone Health e do Perlmutter Cancer Center identificaram 27 espécies de bactérias e fungos na boca que estão associadas a um risco 3,5 vezes maior de desenvolver câncer pancreático. A pesquisa foi publicada na revista científica "JAMA Oncology" nesta quinta-feira (18).
O estudo, conduzido ao longo de cerca de nove anos, analisou o material genético de micróbios coletados da saliva de 122 mil pessoas inicialmente saudáveis. Durante esse período, os cientistas monitoraram o desenvolvimento de tumores nos voluntários.
Os pesquisadores identificaram 445 pacientes diagnosticados com câncer pancreático e compararam o DNA de seus micróbios com o de outros 445 participantes selecionados aleatoriamente que permaneceram livres da doença. Os resultados apontaram 24 espécies de bactérias e fungos que individualmente aumentaram ou diminuíram o risco de câncer pancreático.
Além disso, três espécies de bactérias ligadas ao câncer já eram conhecidas por contribuir para a doença periodontal. O estudo também identificou espécies de Candida (um tipo de levedura que naturalmente vive na pele e em todo o corpo) em tumores pancreáticos de pacientes.
"Nossos resultados fornecem novos insights sobre a relação entre o microbioma oral e o câncer pancreático", afirmou a pesquisadora de pós-doutorado no Departamento de Saúde Populacional da NYU Grossman School of Medicine, Yixuan Meng, em comunicado.
A pesquisa foi realizada nos Estados Unidos, com dados coletados de americanos de todo o país, por meio de duas investigações contínuas: o American Cancer Society Cancer Prevention Study II e o Prostate, Lung, Colorectal, and Ovarian Cancer Screening Trial.
Com base nos resultados obtidos, os pesquisadores desenvolveram pela primeira vez uma ferramenta capaz de estimar o risco de câncer com base na composição do microbioma oral de cada participante.
"Ao traçar o perfil das populações bacterianas e fúngicas na boca, os oncologistas podem ser capazes de sinalizar aqueles que mais precisam de triagem para câncer de pâncreas", destacou a professora nos Departamentos de Saúde Populacional e Medicina da NYU Grossman School of Medicine, Jiyoung Ahn.
Especialistas já haviam apontado que pessoas com saúde bucal precária apresentavam maior vulnerabilidade ao câncer pancreático em comparação àquelas com melhor higiene oral. No entanto, ainda não estava claro quais espécies específicas poderiam contribuir para essa condição.
Mais recentemente, cientistas também haviam descoberto que as bactérias podem viajar através da saliva engolida até o pâncreas, órgão que auxilia na digestão, estabelecendo uma possível conexão entre saúde bucal e câncer pancreático.
"Está mais claro do que nunca que escovar os dentes e usar fio dental pode não apenas ajudar a prevenir doenças periodontais, mas também proteger contra o câncer", afirmou o professor no Departamento de Saúde Populacional, Richard Hayes.
O estudo foi realizado para identificar correlações entre o risco da doença e certos micróbios na boca, sem estabelecer uma relação direta de causa e efeito. Investigações adicionais serão necessárias para esclarecer essa relação, conforme apontam os pesquisadores.
Ainda não se sabe se os vírus orais também podem contribuir para o câncer e como o microbioma da boca pode afetar as chances de sobrevivência dos pacientes. A equipe de pesquisa planeja explorar essas questões em estudos futuros.
Por O Tempo
Sete Lagoas Notícias
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