O Brasil é a terra originária da expressão “comigo não acontece”. Um dos exemplos atuais da linha de pensamento seguida pelos brasileiros é o descaso com os air bags fatais da Takata. Segundo dados apurados pelo portal Universo Online (UOL), o Brasil possui mais de 2,5 milhões de automóveis que estão equipados com os airbags defeituosos fabricados pela empresa.
Destes veículos, apenas 16%, ou seja, 415 mil carros passaram pelo recall ou tiveram o reparo realizado. Com isso, restam mais de 2 milhões de carros novos e usados sendo utilizados com os "airbags fatais". Os equipamentos do fabricante japonês que deveriam salvar vidas precisam ser substituídos, pois, uma falha no deflagrador do air bag pode fazer com que sejam projetados fragmentos metálicos pela cabine e atingir tanto o motorista quanto o passageiro, com risco de ferimentos ou até a morte.
A operação é complexa, trata-se do maior recall em massa da história da indústria automobilística e envolve mais de 42 milhões de veículos apenas nos Estados Unidos. E, dos sete milhões de veículos envolvidos no mundo, cerca de 35% está no Brasil.
Sem fiscalização
No Brasil, o Denatran (Departamento nacional de trânsito) não possui normas para fiscalizar os equipamentos de segurança instalados e não utiliza normas estrangeiras. Dessa forma, as fiscalizações e intervenções são feitas pelas próprias montadoras. Honda e Toyota já iniciaram os reparos nos modelos afetados com os airbags da Takata. Depois veio a Nissan, Chevrolet, Fiat, Volkswagen, Renault, Audi, Mitsubishi e, no dia 23 de fevereiro, a BMW anunciou que mais de 2.400 unidades precisam de substituição do air bag defeituoso.
Mais uma vez fica provado como o proprietário brasileiro não valoriza como deveria os equipamentos de segurança, fato divulgado pela Proteste, associação dedicada a lutar pelos direitos do consumidor. “O baixo comparecimento dos brasileiros aos recalls automotivos acontece por duas razões. Uma delas é a pouca importância dada à segurança pelos consumidores no país e a outra é por falta de conhecimento mesmo,” relata a coordenadora da associação, Maria Inês Dolci.
Para os proprietários que não fizeram o recall é bom lembrar que em setembro de 2016, com a implantação do Sistema de Monitoramento Online de Recall, aquele proprietário que não atender ao chamado da montadora para realizar gratuitamente o conserto dos veículos, automaticamente, terá restrição para a venda.
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