A depressão é caracterizada por diversos sintomas, tanto físicos quanto psicológicos. Ainda que ela possa provocar falta de energia, problemas para dormir, alterações no apetite e redução da libido, um dos sinais mais associados ao transtorno é a tristeza. Por outro lado, por dificuldade de falar e até mesmo de identificar o que está sentindo, muitas pessoas não conseguem enxergar a tristeza como uma queixa que precisa de cuidados médicos.
Esse obstáculo está associado, entre outros motivos, a fatores culturais. Em pessoas do norte europeu, por exemplo, uma das principais queixas em quem tem depressão é o sentimento de culpa. Já no sul do continente, as queixas físicas, como dores no corpo, são mais comuns. O mesmo acontece no Brasil, especialmente em pessoas com maior vulnerabilidade socioeconômica.
“A depressão pode passar despercebida por vários motivos: pela falta de vocabulário [dos pacientes] para expressar o que estão sentindo, ou simplesmente porque não é parte da cultura [daquela população] reconhecer a tristeza como algo digno de queixa. Às vezes, a forma que a pessoa tem de expressar o seu sofrimento psíquico é através de dores físicas”, explicou Pedro Lima, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), ao Portal Drauzio durante a última edição do Congress on Brain, Behavior and Emotions. O evento, realizado este ano em Fortaleza, reuniu diversos especialistas em saúde mental e neurociências.
O fenômeno é conhecido pela comunidade científica como depressão mascarada – quando a pessoa só vai ao médico para relatar dores físicas, sem mencionar tristeza ou sintomas emocionais, mesmo quando perguntada.
Quais são os riscos da depressão mascarada?
“A pessoa vai ao médico com uma dor, e recebe um remédio. Se ela tem dor nas costas, dor abdominal, cefaleia, sensação de aperto no peito… ela vai receber um tratamento para cada um desses sintomas. Então, se for atendida pelo SUS, ela consome muitos recursos: faz exames, recebe remédios para dores, para distúrbios gastrointestinais. Mas o problema real, a depressão, não é tratado. Isso vira uma bola de neve”, alertou Pedro.
Em geral, esses pacientes passam anos buscando atendimento atrás de atendimento, sem conseguirem resolver sua queixa. Ao receber um anti-inflamatório, por exemplo, eles ainda podem sofrer com problemas renais, hepáticos, gástricos e colocar a própria vida em risco. Segundo o especialista, o problema da depressão mascarada é mundial, bastante comum e mais grave no Brasil.
Como identificar a depressão mascarada?
A solução ideal seria treinar os médicos para reconhecer os sintomas que podem ser de depressão, mas ainda não há iniciativas específicas nesse sentido no Brasil. Enquanto isso, existem alguns sinais que a própria pessoa que procura ajuda pode perceber:
- Quando há muitas queixas sem explicação, que mesmo o médico não consegue justificar com exames;
- Quando há muitos tipos de queixa diferentes;
- Sinais como tristeza, falta de prazer, cansaço, lentidão, alterações de sono, de apetite e de libido, sensação de piora em determinados horários do dia e isolamento.
“A depressão é uma das doenças que mais gera custo para a sociedade. Porque, ao contrário de câncer ou doenças cardíacas, que afetam mais pessoas em idade avançada, a depressão atinge jovens e adultos economicamente ativos. Isso altera o curso de suas vidas: afeta seus objetivos, sua produtividade. Então, além de um problema de saúde, é um problema econômico para o país. Precisa ser enfrentado”, destacou o pesquisador.
Portal Drauzio Varella
Sete Lagoas Notícias
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