A falta de água em várias regiões de Minas Gerais é registrada em meio a uma diminuição gradual dos níveis dos reservatórios. Conforme dados da Copasa, na represa Várzea da Flores, que abastece boa parte da região metropolitana de Belo Horizonte, o nível caiu de 48,2% para 47,7% entre quarta (15) e esta sexta-feira (17). Associado a isso, o sistema também registra chuvas abaixo da média histórica para novembro, que é de 223,8 mm. Até o momento, o reservatório soma apenas 49,1 mm, 21% da precipitação esperada. Valor bem abaixo do volume anotado no último ano, quando 303,4 mm de chuva caíram no local.
O meteorologista Claudemir Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que o volume de chuvas abaixo da média ocorre devido a atuação do fenômeno atmosférico-oceânico El Niño, que provoca temperaturas acima da média histórica e menor formação de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) - responsável pela formação de chuvas mais intensas. “Ano passado, por exemplo, tivemos atuação da ZCAS, que provoca chuvas de quatro dias consecutivos e que é ideal para os reservatórios. Esse ano, na primavera, estamos vendo temporais que acabam rápido. Essas pancadas não ajudam muito no índice dos reservatórios porque são pancadas rápidas. Ainda temos que aguardar o verão, quando há o ápice do período chuvoso, para entender a quantidade de chuva. Mas, vale lembrar, que o El ninõ deve continuar até abril de 2024”, ressalta.
A situação liga um alerta “amarelo” para o nível dos reservatórios e o futuro do abastecimento em Minas. É o que aponta o coordenador do Projeto Manuelzão - que atua em defesa da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano. “É quase uma emergência climática. A gente tem uma perspectiva de que com o El Niño as chuvas sejam menores. Isso é preocupante. Neste período do ano já era para estarmos no período chuvoso, novembro já era para ser com uma pluviometria razoável e estamos tendo o mês seco. Isso acende um sinal no mínimo amarelo no processo, é preciso preparo porque não dá para esperar. É um alerta do que está sendo feito há décadas, estamos em um processo muito acelerado de quase um colapso ambiental, estamos a passos largos para uma situação fora de controle”, avalia Polignano.
Gerente da Copasa, Alexandre Virgílio, no entanto, garante que os reservatórios estão em níveis satisfatórios. “(Os reservatórios) estão em níveis satisfatórios para essa época do ano, eles são abastecidos no período chuvoso. Não temos um plano específico no momento porque os reservatórios são reabastecidos em dezembro e janeiro, quando há o pico do período chuvoso. Esse percentual agora está no mesmo patamar de 2022. Temos um nível suficiente para abastecer a população da Grande BH nos próximos meses”, garante.
Desperdício
Outro problema levantado por especialistas é a alta taxa de desperdício de água em Minas. O ranking anual de saneamento do Instituto Trata Brasil aponta que 37,5% da água potável é perdida no caminho entre as distribuidoras e as casas dos mineiros por falhas ou furtos na rede de distribuição.
O coordenador de Relações Institucionais e Comunicação do Trata Brasil explica que a perda ocorre em dois tipos de situações. Uma delas é a perda aparente, consequência dos roubos e ligações irregulares, popularmente conhecidas como “gatos”. Além disso, existem as perdas que ocorrem por problemas nas redes. Para ele, uma redução nas perdas pode impactar positivamente na regularidade do abastecimento. “É água potável que está se perdendo no meio do caminho antes de chegar a residência das pessoas, indústrias e hospitais. Então o operador vai ter que captar mais água para cumprir com o abastecimento e isso pode significar num estressamento maior dos cursos hídricos. Por isso, a eficiência é tão importante porque a perda gera um custo financeiro para as companhias, além do curso ambiental”, pontua.
Coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano avalia a taxa de desperdício no Estado como “inaceitável”. Ele aponta a necessidade de um plano emergencial e de investimentos a curto, médio e longo prazo para normalizar o abastecimento de água aos mineiros. “É preciso ter um plano emergencial, se está faltando água no bombeamento, manda caminhão pipa. Não pode é dizer que não tem. É preciso também rever um plano de investimento, a curto, médio e longo prazo, para ter disponibilidade hídrica, um sistema de distribuição de água com menos perda. É preciso assumir o compromisso de fornecer água sem repassar a responsabilidade para os consumidores”, finaliza.
Por O Tempo
Sete Lagoas Notícias
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