Trocamos telefone e todo fim de semana ELE me ligava às sextas. O Rodrigo já fazia parte da minha rotina. Saíamos toda semana. De início acompanhados da Bruna e do Mateus, depois, mais seguros, não dependíamos mais deles para nos ver.
Todo tanto junto era pouco – início de namoro. Barzinhos, festas fechadas ou não, shows...
O meu pai havia falecido há poucos meses e, assim como minha mãe, eu buscava me refugiar, só que de maneira diversa à dela. Minha família tentava se achar, eu tinha encontrado a âncora que me faria estabilizar. Hoje me pergunto se esse apego total e cego ao Rodrigo foi intensificado devido ao momento pelo qual eu estava passando.
Foto: Reprodução
Não queria acompanhar minha mãe nas constantes saídas dela da cidade e a solução encontrada foi ficar na casa da Bruna. Não foi fácil convencê-la, apesar de ser só por um fim de semana, mas depois de EU pedir, da Bruna pedir, da mãe da Bruna ligar, pedir e ainda prometer coisas que até hoje desconheço, do Rodrigo e do Mateus irem até minha casa pedir, eis que arrancamos dela um SIM; Contrariado, é verdade, mas sem forças para se transformar num não.
Foto: Vanessa Carvalho/ Brazil Photo Press
Acredito que minha mãe tenha deixado porque seria uma distração após um ano de sofrimento e de sonhos interrompidos com a morte do meu pai.
Já instalada, e em meio a músicas, brincadeiras e conversas descartáveis, começou a se articular um acampamento. Sempre ideias da Bruna, a "mina " das ideias absurdas. Sair pra acampar, num sábado à noite, pra um lugar que nem tínhamos noção de como chegar, tinha tudo pra dar ERRADO. E o pior, com autorização de quem??? Maiores de idade e totalmente dependentes dos pais, os quais estariam prontos pra nos dizer um NÃO bem grande.
É incrível como homens topam qualquer proposta no começo de uma relação.
Da minha mãe, já tínhamos o não, da mãe dela, com certeza, teríamos; e aí eu te pergunto: - A gente ia com a autorização de quem?
Chegaram a comprar algumas coisas para irmos. A sorte foi que a Bruna caiu na real e percebeu que era inviável e arriscado.
O fim de semana para minha amiga não ficou perdido. Ela deu um perdido no Mateus e saiu pra curtir uma balada enquanto eu e o Rodrigo brincávamos de namorar na casa dela...
Assistimos filmes, comemos pão e tomamos chá na companhia da minha "mãe de aluguel."
Quando sozinhos, o filme ficava à parte e os longos beijos preenchiam a intensidade e a doçura do início de uma relação.
O domingo chegou e o Rodrigo foi me buscar pra levar para casa. Estava chovendo, e ele não desceu do carro pra me ajudar com a mala após eu ter falado da boca pra fora que não precisava. Meninos, fiquem atentos e entendam: SIM é NÃO e NÃO é SIM. Não sempre, nem em todas as ocasiões, mas em diversas situações.
Esperava uma atitude mais cordial, romântica... não tive, e perdi a oportunidade de interpretar esse mal sinal.
* Você deve observar cada atitude do seu par. Detalhes revelam muito sobre quem somos e sobre quem o outro é.
ADVERTÊNCIA: As informações expressas nesta coluna podem reproduzir situações reais e são de responsabilidade da autora, embora os personagens usados também possam ser fictícios.