Minas Gerais enfrenta um aumento alarmante nos casos de febre Oropouche. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foram confirmados 1.467 casos da doença até 16 de dezembro de 2025, contra 301 registros em todo o ano de 2024 — um salto de 387%. Apesar do crescimento expressivo, não há registro de mortes pela doença no estado.
No período de dois anos, foram realizados quase 16 mil exames para detecção do vírus em Minas Gerais. Do total, 1.768 casos foram confirmados em 71 municípios de 15 Unidades Regionais de Saúde. O cenário mineiro reflete uma tendência nacional: no primeiro semestre de 2025, o Brasil contabilizou mais de 11 mil casos e cinco mortes — quatro no Rio de Janeiro e uma no Espírito Santo.
A febre Oropouche foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1960 e é causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados principalmente na região amazônica, considerada endêmica. Agora, a doença avança para outras regiões do país, incluindo Minas Gerais.
A transmissão ocorre principalmente pela picada do mosquito-pólvora, também conhecido como maruim (Culicoides paraensis). Em áreas urbanas, o pernilongo comum (Culex quinquefasciatus) também pode atuar como vetor. Após picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias e pode ser transmitido a pessoas saudáveis.
Os sintomas da febre Oropouche são muito semelhantes aos da dengue e incluem dor de cabeça intensa, dores musculares, náusea e diarreia. Segundo o médico Mariano Fagundes, professor de Saúde Coletiva e Clínica Médica na UnifipMoc Afya, a maioria dos diagnósticos só ocorre de forma secundária, quando o exame para dengue dá negativo e se recorre ao PCR para arboviroses.
Embora a maioria dos casos seja leve, a doença pode evoluir para quadros graves, incluindo meningite, encefalite, miocardite e complicações hepáticas. Não existe tratamento específico com antivirais, e o manejo hospitalar se concentra em medidas de suporte, como uso de medicações vasoativas, suporte respiratório e profilaxia para tromboembolismo.
O maior alerta, porém, é direcionado às gestantes. Casos graves da doença podem provocar malformações fetais e abortos, com efeitos semelhantes aos observados na infecção pelo vírus da Zika. Por isso, a SES-MG recomenda atenção redobrada para esse grupo.
"Gestantes devem redobrar os cuidados e procurar atendimento médico ao surgirem sintomas suspeitos, devido à possibilidade de malformações fetais e abortos", alertou o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti.
Diante do cenário, a Secretaria de Estado de Saúde tem adotado diversas medidas de combate à doença. Entre elas estão a implementação de vigilância sentinela para detecção precoce de casos, monitoramento contínuo de notificações suspeitas e confirmadas, visitas técnicas a municípios com registros da febre, mapeamento de focos de transmissão e emissão de alertas epidemiológicos periódicos.
A pasta também tem realizado capacitação de equipes de profissionais de saúde municipais e estaduais e fortalecido as ações de vigilância e controle. Em âmbito nacional, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, realiza estudos sobre o uso de inseticidas para o controle do vetor, com resultados preliminares promissores.
As medidas de prevenção são fundamentais para conter o avanço da doença. A população deve utilizar mosquiteiros de malha fina em portas e janelas (com orifícios menores que 1 milímetro), usar roupas de mangas compridas e calças, aplicar repelentes com DEET nas áreas expostas da pele e evitar atividades ao ar livre durante o amanhecer e o anoitecer, quando a atividade dos vetores é maior.
Gestantes, se possível, não devem se ocupar da limpeza de quintais ou de quaisquer outras atividades que apresentem risco de exposição ao vetor. Há demonstração da presença do vírus Oropouche em urina e sêmen, mas ainda não está esclarecido o potencial de transmissão por esses meios. Assim, recomenda-se o uso de preservativos.
Qualquer pessoa que apresentar sintomas suspeitos deve procurar atendimento médico imediatamente. A detecção precoce é essencial para o manejo adequado da doença e para evitar complicações graves.
Baccheretti ressaltou que, apesar do nome diferente, a febre Oropouche não é uma doença nova no Brasil. "Desde a década de 60, já foram identificados os primeiros casos, geralmente na região Amazônia. A febre Oropouche tem sintomas muito parecidos com a dengue, especialmente com a chikungunya. Febre, dor de cabeça, dor articular. A boa notícia é que essa doença é menos letal", afirmou o secretário.
Da Redação
Sete Lagoas Notícias
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