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Petrônio Souza Gonçalves - O doce vento da saudade

31/08/16 - 18:35

Aos poucos, vamos jogando a nossa história fora. Primeiro foram as fitas K7s. Depois, os LPs, os filmes em VHS. Agora, os livros. Cada um deles trazia sempre um cheiro, uma marca do tempo, um sinal, um comentário, um registro. Era só pegá-los e antes de assistir, ler ou ouvir; um filme, com trilha sonora e tudo, passava dentro de nós, bem diante de nossos olhos. Era mesmo um tempo de lembranças, de convivências, de temperança e espera. Não sei, mas acho que essas pequenas coisas, povoadas de nós mesmos, nos faziam mais tolerantes, generosos, sensíveis, ligados uns aos outros. Mas o tempo é mesmo um deus cruel, vem sempre e leva tudo; um pouco de nós também.

 

 Hoje, tudo mais sofisticado, moderno, limpo e exato, nos fez perder essa doce ligação com nossa vida partilhada, em comunidade, mostrando que as coisas tinham um pouco de história e memória, um jeito caseiro de enxergar a vida e enfrentar o mundo. Já não mandamos cartas, não esperamos por elas. Não emprestamos discos, não copiamos fitas, não trocamos livros e afagos. A vida moderna é feita de urgência, onde há pouco tempo para depurar e degustar as coisas do coração.

 

Tudo ficou tão pequeno que cabe em um telefone, e nele cabe o mundo. Ainda assim, de cabeça baixa frente ao infinito, olhamos apenas para nosso umbigo, não temos mais tempo para caminhar observando a paisagem. Olhamos sempre para baixo, fazendo mil e uma atividades que não nos permitem estar onde estamos e por isso não desfrutamos dos vários cenários que descortinamos todos os dias, todas as horas. Somos povoados por ausências. Esquecemos que a vida é feita de momentos, e os perdemos todos, todos os minutos. Uma pena!

 

Temos o mundo nas mãos e revelamos o quanto somos pequenos, pois giramos em torno de nós mesmo, de nossa imagem capturada; aquela criada, maquiada, moldada em um momento e partilhada com todos, sem revelar as nossas dores menores, nossos sentimentos maiores. Temos hoje a dimensão de nossos cliques, tão rápidos que não sustentam um diálogo, que interrompem qualquer conexão de ideias, ideais e sentimentos. São muitas as curtidas e quase nenhuma comemoração, quase nenhuma celebração, apenas abraços que nos mantém dispersos e afastados, mas muito bem emoldurado: na fotografia.

 

A vida moderna se tornou isso, um self, quando, solitários, alongamos nossos braços para registrar tudo aquilo que não somos, que não fazemos, que não vivemos. Queremos os holofotes direcionados para nossa imagem, iludidos com a pueril possibilidade de não sermos a estrela do espetáculo. Os sorrisos não são da alma, mas para a fotografia, para a internet, para os outros. Fazemos a vida fora, enquanto dentro de cada um de nós adormece o cidadão aprisionado, o ser calado, que não consegue ver e sorver a beleza do pôr do sol, do nascer da lua, e as coisas simples da vida, essas que nem o doce vento da saudade consegue levar.

 

 

ADVERTÊNCIA: Todas as informações e opiniões expressas nas colunas são de responsabilidade de seus autores.

 

 

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