Foi ao ar neste domingo (2), na TV Record, uma reportagem especial sobre as circunstâncias do fim da vida de Mauro Faccio Gonçalves (1934-1990), o Zacarias. Nela, a família do humorista setelagoano revela que nenhum de seus colegas de Os Trapalhões entrou em contato após sua morte. O mesmo aconteceu em relação ao artista, durante o período em que Zacarias sofria com uma doença que o acometeu, quando se preparava para gravar um filme de Os Trapalhões, em razão da automedicação com remédios para emagrecer. Ele chegou a perder 20 kg, antes de morrer, aos 57 anos.
Na entrevista ao programa Domingo Show, as irmãs de Zacarias revelaram que Renato Aragão (Didi), Dedé Santana e Antonio Carlos Gomes (Mussum) não acompanharam o sofrimento do colega no fim da vida e nunca tiveram qualquer atitude em relação à sua memória. "Depois que ele morreu, sumiu todo mundo. Pessoal que ligava para nossa mãe, sumiu. Ela tentou conversar com todos, ninguém atendeu mais. Eles vieram no dia do velório, deram os pêsames, mas o público não viu. Ficaram uma hora, mais ou menos, se despediram e foram embora. Nunca mais. Acabou. Depois da morte dele, o programa do Didi perdeu muita graça", desabafou a irmã Marli, ao Domingo Show.
Foto: R7 - Irmãs Vilma e Marli contaram detalhes da trajetória de Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias
Carlos Dias, ex-produtor e melhor amigo de Mauro Gonçalves, afirmou que o humorista não tinha boas relações com os colegas de Os Trapalhões e que apenas o Mussum era próximo do ator. "Eles não se davam mais. Mauro não se dava mais com Renato Aragão", contou.
O setelagoano atuou em Os Trapalhões até o fim de 1989. No ano seguinte, morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória. Na época, especulou-se que o diagnóstico seria um eufemismo para Aids. A morte de Mauro ocorreu num momento em que a doença chocava o Brasil e entrava em debate, especialmente após a morte de artistas como Cazuza e Lauro Corona. Porém, no caso de Mauro, a hipótese nunca foi confirmada.
As irmãs contaram a Geraldo Luis, apresentador do Domingo Show, que a única evidência que Gonçalves deu sobre seu sofrimento foi quando disse à irmã Vilma, em seu último aniversário, que sabia que "estava perto de ir". Para o amigo Carlos Dias, o humorista estava triste e insatisfeito com a trajetória em Os Trapalhões. "Ele não queria ser mais Trapalhão, queria se dedicar à religiosidade dele. Tinha montado na mansão um consultório médico para a comunidade de Jacarepaguá, construiu na parte pobre por isso. Ele se entregou a remédios tarja preta", disse Dias ao programa da Record.
O artista
Marli e Vilma são duas entre dez irmãos que Mauro Gonçalves teve. Todos continuam vivendo em Sete Lagoas. Mauro Gonçalves chegou a trabalhar como vendedor de sapatos, funcionário de uma fábrica de café e bancário, até que começou a carreira de comediante em 1955, em um programa humorístico da Rádio Cultura AM. O humorista era tímido, mas Zezé Gonçalves, irmão do comediante, conta que ele sempre sonhou com o sucesso como ator. "O sonho dele era galgar os degraus da fama", disse.
O radialista, Diretor da Rede Padrão de Comunicação e colunista do Setelagoasnoticias.com.br, Geraldo Padrão, cultivou uma longa amizade com Mauro Gonçalves, com quem trabalhou na rádio Cultura AM. Na reportagem do Domingo Show, ele exibiu relíquias do amigo, como um histórico escolar de quando ele cursava o Colégio Diocesano Dom Silvério.
Foto: R7 - Radialista Geraldo Padrão falou de sua relação com o artista, da personalidade e do talento do amigo Mauro Gonçalves
“Eu e o Mauro Gonçalves fomos colegas de escola. Antes de ele ser o Zacarias, ele foi o Moranguinho. Fomos amigos, praticamente, desde a infância até sua morte. Ele impregnava não só aquele calor artístico, aquela vontade de estar presente, mas a vontade de agradar a todo mundo, principalmente as crianças”, conta Padrão.
Já a carreira de Gonçalves na televisão começou em programas de calouros da TV Excelsior e da TV Itacolomi. Ele chegou a participar também de A Praça da Alegria, da Record, onde Renato Aragão conheceu seu talento e o convidou para fazer parte de Os Trapalhões. Zacarias foi o personagem mais bem-sucedido de sua carreira. "Acho que ele viveu o tempo que tinha que viver. Ele veio com a missão de alegrar o povo de Sete Lagoas. Fez muita gente feliz", disse a irmã Vilma, emocionada.
Clique e assista a reportagem do Domingo Show na íntegra.
Da Redação
Sete Lagoas Notícias