Minas Gerais recebeu, neste sábado (10), mais de 15 mil ampolas de medicamentos utilizados no kit intubação para manter a sedação dos pacientes internados na rede pública. Entre os itens recebidos, estão o brometo de rocurônio e o besilato de cisatracúrio.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), os bloqueadores neuromusculares, enviados pelo Ministério da Saúde, serão disponibilizados a 68 hospitais que estão com estoque suficiente para menos de três dias de cobertura. As instituições estão nas macrorregionais Sul, Centro, Triângulo do Sul, Jequitinhonha, Leste do Sul, Sudeste e Oeste.
A Prefeitura de Ibirité, cidade cujo hospital de campanha chegou a ficar com estoques zerados dos medicamentos, informou que recebeu, no final da tarde deste sábado, 400 ampolas de rocurônio do governo de Minas. Segundo o município, o quantitativo atende ao hospital por três ou quatro dias.
"Informamos, ainda, que o governo do estado se comprometeu a entregar na segunda-feira (12) o medicamento atracúrio. A quantidade não foi informada", disse a prefeitura, em nota.
Na quinta-feira (8), o governador Romeu Zema (Novo) disse, em entrevista coletiva, que Minas Gerais só tinha estoque de sedativo para “um ou dois dias”.
“Estamos correndo risco de pacientes intubados acordarem por falta de sedativos e isso não pode acontecer”, disse ele na ocasião. No Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, os medicamentos de sedação também acabaram.
"A situação está muito crítica. Os estoques destes medicamentos estão muito escassos, estamos tendo que fazer remanejamento de drogas para que possamos manter pacientes sedados de forma adequada", afirmou o superintendente técnico do Hospital da Baleia, Mozar de Castro Neto.
Contagem e Betim, na Grande BH, estão com estoque suficiente para mais dez dias. De acordo com o secretário adjunto de Saúde de Betim, Augusto Viana, a cidade poderia abrir mais 50 leitos de UTI se não fosse a insegurança em relação à falta dos medicamentos.
"Temos todos os equipamentos, mão de obra já selecionada, não estamos abrindo muito em função dessa insegurança que o estado de Minas Gerais está nos passando neste momento, principalmente em relação ao kit sedação", pontuou Viana.
A SES-MG informou que acompanha 24 horas por dia abastecimento de medicamentos nos hospitais e, mesmo com a chegada da nova remessa, o estoque de kit intubação no estado está em nível "não recomendado" para o enfrentamento da pandemia.
Segundo o médico infectologista Estevão Urbano, membro do comitê de enfrentamento da pandemia da prefeitura, mais do que nunca, é preciso manter as medidas preventivas contra o coronavírus, porque o problema da falta de sedativos deve continuar nas próximas semanas.
"Esta remessa atende por um curto prazo, um médio prazo ainda extremamente preocupante. Todos os medicamentos de sedação são fundamentais para a manutenção dos indivíduos que precisam da ventilação mecânica. (Sem os medicamentos) seria um tratamento praticamente impossível de ser feito e quase que indigno para o paciente, porque ele teria que ficar acordado tendo um tubo na sua traqueia. É uma situação extremamente desconfortável, quase que intolerável", conclui.
O Ministério da Saúde informou que acordos feitos para a aquisição de medicamentos de intubação respeitam a realidade de cada fabricante e contratos fechados anteriormente, contemplando hospitais público e privados nas regiões com maior risco de desabastecimento.
Por G1
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