Contando com pelo menos 50 mil votos em Sete Lagoas e região, o atual vice-prefeito Duílio de Castro, em entrevista exclusiva ao SeteLagoasNotícias.com.br, confirmou sua pré-candidatura a deputado federal em 2018. Ele diz que espera que o acordo que alçou Leone Maciel à Prefeitura seja cumprido pelo grupo que se uniu em torno do projeto com o compromisso de lançá-lo ao lado do deputado estadual Douglas Melo, em busca de maior representatividade para o município junto aos Governos de Minas e Federal.
Comerciante, ele já exerceu três mandatos como vereador na Câmara de Sete Lagoas, presidindo a casa no Biênio 2009/2010. Técnico em Eletrotécnica e Eletrônica, é graduado em Administração de Empresas e pós-graduado em Processos Legislativos e Políticas Públicas. Sua atuação na vida pública tem como marca mais expressiva o mandato de Deputado Estadual na 17ª Legislatura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, entre 2011 e 2014.
Atuante em seu gabinete de vice-pefeito, ele diz que faz questão de apoiar o trabalho do prefeito Leone Maciel no atendimento à população, uma vez que é pago para trabalhar. Leia a primeira parte da entrevista em que o também vice-presidente estadual do PMN fala do cenário político em Sete Lagoas e dos problemas urgentes que a cidade precisa resolver:
7LN - Como está sendo a experiência de ser vice-prefeito de uma cidade do porte de Sete Lagoas?
DC- Primeiramente é uma experiência nova. Fui vereador por 10 anos, fui presidente de Câmara, fui deputado estadual, são funções diferentes. O prefeito hoje é o Leone Maciel. A gente sabe até onde vai o limite do vice-prefeito. É uma experiência diferente porque o vice não tem função dentro do processo executivo, mas eu faço questão de trabalhar juntamente com o prefeito porque eu não acho justo um vice-prefeito receber um salário e não trabalhar, porque não existe função dentro do processo eleitoral. Então, eu com um gabinete aberto, faço questão de trabalhar e ajudar o prefeito a atender as demandas do município.
7LN - Como a experiência como deputado está sendo importante nesta etapa da sua vida pública?
DC – Em todo o processo eleitoral, em qualquer cargo que alguém venha a assumir como deputado, como prefeito, senador, governador, acho que todos deveriam passar antes pela vereança. Ser vereador na Câmara é uma escola. Eu tive oportunidade, durante dez anos, de conviver e aprender o processo legistlativo. Na verdade o vereador é o “parapeito” de tudo. Ele está em contato diretamente com o eleitor. Para o eleitor é mais difícil falar com o governador, com o senador, com o presidente da república, com o deputado, com o prefeito. Com o vereador é mais fácil, ele está à frente de todas as demandas do eleitor e, naturalmente, para essas demandas muitas vezes se precisa fazer leis, mudanças nas leis, mudanças na gestão. Ele é um interlocutor, um intermediário entre a população e o Poder Executivo. Automaticamente ele passa a ser uma pessoa que está em aprendizado constante sobre as mudanças que as leis necessitam, porque nossa cidade está em constante transformação. Então, nós temos no dia a dia que fazer as leis acompanharem essa transformação. A vereança dá esse contato mais de perto com o eleitor e, automaticamente, propostas surgem na medida em que você ouve o eleitor.
7LN - Como parte do governo Leone Maciel, qual é avaliação que o senhor faz dessa gestão? O que precisa ser melhorado?
DC – Acho que nós temos que melhorar a arrecadação do município, porque a Prefeitura, na verdade, é uma prestadora de serviços. O que ela arrecada, vai pegar aquele recurso e intermediar as ações, buscando a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Acho que nós precisamos fazer um trabalho muito grande, principalmente no Valor Agregado Fiscal (VAF), buscar um estudo melhor para que possamos aumentar essa arrecadação. E muitas vezes, para isso é necessário diminuir despesas, porque nós precisamos ter recursos para poder fazer essas ações, já que nós recebemos uma Prefeitura – e isso todo mundo já ficou sabendo, foi notório falar – com perto de R$ 400 milhões em dívida. É uma dívida muito significativa, levando em conta a arrecadação do município. É lógico que isso compromete as ações de governo. É mais da metade do orçamento do município.
7LN – E como o senhor avalia o descumprimento dos repasses constitucionais por parte do Governo de Minas com Sete Lagoas e demais municípios?
DC - Eu acho que isso nunca aconteceu na história de Minas Gerais, o governo não fazer repasse de ICMS, que é uma obrigação do estado, dos 50% do IPVA. O Estado não pode se apoderar da fatia que é do município, até porque o município também tem suas obrigações. Tem de fazer suas ações, cumprir suas obrigações do dia a dia. O que o Estado está fazendo com os municípios é uma apropriação indébita. É lógico que a justiça, sim, a justiça com o Tribunal de Contas, deveria atuar nisso aí, porque o que está acontecendo no estado de Minas Gerais é tirar a capacidade de prestação de serviço dos municípios. E nós não estamos falando só de Sete Lagoas, mas de 853 municípios. Só na área da saúde, hoje, o estado deve mais de R$ 70 milhões para Sete Lagoas. E o município de Sete Lagoas, querendo ou não, ele é responsável pela região toda, o que contempla outros 35 municípios. Então, é muito difícil fazer uma boa prestação de serviços quando você tem uma retenção de recursos. Eu acho que isso é inaceitável, você tem que aprender a viver com o que você ganha, pelo que você arrecada, pelo seu salário. Assim é também para o Estado, ele tem que viver com o que arrecada. Se ele não tem uma boa organização administrativa, ele não pode se apoderar dos recursos dos municípios. É um absurdo o que está acontecendo. Mais cedo ou mais tarde o Estado vai pagar por isso, porque ele tem que fazer a prestação de contas junto ao Tribunal de Contas, e isso que ele está fazendo é administrar com o dinheiro dos municípios.
7LN – Havia um compromisso público feito pelo grupo que elegeu Leone Maciel em lançar o senhor candidato a deputado ao lado de Douglas Melo, sendo um para federal e outro para estadual, em caso de vitória do candidato a prefeito desse grupo nas eleições passadas. Esse compromisso permanece?
DC - Primeiramente, quando começamos a montagem de um projeto político, quando inciou-se o processo da campanha municipal, começamos a montar um grupo político. Iniciou-se a formação desse grupo do qual o Leone faz parte, eu faço parte, o deputado Douglas Melo e outros vereadores e companheiros que ajudaram, partidos que ajudaram e compunham esse projeto político, primeiramente, para ganhar a Prefeitura, uma vez que estava no rosto de cada sete-lagoano que não estávamos satisfeitos com a administração passada. Dentro da formação do grupo político, a gente precisava fazer um deputado estadual e um federal. Primeiro para esse grupo político ter força dentro do governo estadual e dentro do governo federal. Fizemos um pacto, um acordo, para que dentro desse grupo eu saísse candidato junto com o deputado Douglas Melo, com a preferência para o deputado Douglas, por estar com o mandato, de escolher se ele queria sair para federal ou estadual. Isso foi um acordo de grupo. Agora, eu estou dentro do grupo e quero cumprir o acordo. Se por motivos alheios ou motivos particulares não vier a acontecer esse cumprimento de acordo, não será da minha parte, não será por minha inicativa. Eu acredito que acordos são feitos para serem cumpridos. Se descumprir, pode ter certeza de que não será da minha parte.
7LN – O senhor então já é pré-candidato? Já há definição em relação a esse acordo mencionado?
DC – No ano passado, como existia o acordo e a preferência de o deputado Douglas Melo escolher, por estar com o mandato, ele na época me procurou e disse que preferia continuar como deputado estadual e, automaticamente, eu tinha que respeitar o acordo e coloquei meu nome como pré-candidato a deputado federal, representando o nosso acordo. E, mais ainda, que Sete Lagoas, se pegarmos de Corinto a Pedro Leopoldo, de Papagaios a Santana de Pirama, nós não temos nenhum deputado federal eleito que mora nessa região. São os deputados de fora que vêm, buscam o voto e não têm compromisso de verdade com Sete Lagoas e a região. É uma área que está desocupada e que precisa ser ocupada para antender aos interesse de nossa região.
7LN – E no contexo regional e até estadual, buscando uma unidade, quais são os aliados que o senhor agrega para essa missão?
DC – Neste momento, qualquer candidato ainda está em busca da formação da base de sustentação de sua campanha. É lógico que eu conto aqui em Sete Lagoas com o nosso grupo político, que é a nossa porta de arrancada numa densidade eleitoral maior, como é Sete Lagoas. É lógico que no entorno, em até 100 km, que é minha base maior, a gente espera que dentro dessa região seja possível conquistar os votos suficientes para minha eleição. Hoje estamos com um partido que está com o projeto de eleger uma chapa para deputado federal com aproximadamente 50 mil votos. Esperamos que Sete Lagoas mais esse entorno sejam capazes de suprir isso. Mas é lógico que, por ter sido deputado estadual, tenho votos no estado inteiro, no Vale do Jequitinhonha, no Triângulo Mineiro, no Vale do Aço... É lógico que isso também vai se somar. Paralelamente, também, sou vice-presidente estadual de nosso partido, venho com apoio dele, que vem com comissão provisória aberta em quase 250 cidades em Minas Gerais e vamos estar trabalhando para ter outras áreas de apoio que possam vir a somar em minha eleição. Mas minha base é Sete Lagoas e até 100 km no entorno.
7LN - Há espectativa de surgirem muitos candidatos em Sete Lagoas, o que é parte do processo democrático. O senhor considera isso algo salutar ou prejudicial para a cidade, considerando sua condição de polo regional?
DC – Primeiramente, você mesmo disse que é uma liberdade das pessoas e dos partidos lançarem candidaturas. E são vários os objetivos e intenções partidárias, desde captar votos para o partido como também atrapalhar o processo. Infelizmente, é triste a gente ver gente entrando simplesmente para atrapalhar o processo, sabendo que não tem capacidade financeira, nem densidade para sua eleição. Muitas vezes ela entra no processo para fortalecer um nome que vai sair candidato a vereador, ou para atrapalhar outro candidato, muitas vezes para captar voto para o partido, existe tudo isso. Mas o mais importante é a pessoa fazer uma autoavaliação para saber se aquele momento é o melhor para sair candidato e se aquela candidatura vai ter o objetivo de produzir políticas públicas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Eu acho que o cidadão, o eleitor, é o primeiro que tem que ser analisado. Não é olhar para nosso umbigo. Muitas vezes o interesse pessoal é colocado na frente dos interesses da comunidade. Mas a gente respeita, porque é um direito que as pessoas tem. Mas tem esse lado ruim da política também, perverso na construção de um projeto, mas temos que aprender a conviver com ele.
7LN – Qual é a sua visão sobre a representativida de Sete Lagoas nos contextos estadual e federal em termos de força política?
DC – Sete Lagoas há muitos anos tem perdido força política, tanto no contexto estadual como nacional. Se você relembrar, teve uma época em que Sete Lagoas tinha dois deputados federais, nós tínhamos uma força política e uma representatividade muito grande junto ao governodo do estado. Renato Azeredo, Sérgio Emílio, Cecé (Marcelo), Dr. Afrânio, se olharmos as forças políticas lá atrás, nós precisamos fortalecer, porque infelizmente nosso sistema é muito perverso com os municípios. Quase 70% do que se arrecada fica nas mãos da União. Com os recursos em Brasília, nós precisamos de deputados com força política lá em cima para conseguir captar esses recursos. E não é só Sete Lagoas, tem a região toda. Como cidade polo, Sete Lagoas tem seu papel de produzir políticas públicas nas áreas estratégicas do trabalho, educacional, saúde... Então, ela tem que assumir esse papel de defender a região também. Uma cidade pequenininha não dá conta de lançar um deputado federal e dar a ele uma votação de arrancada, mas pode estar agregada a Sete Lagoas em um projeto para a região. É importante Sete Lagoas assumir esse papel para ter força tanto com o seu deputado estadual como com o federal. Aí vou citar um exemplo, para que se tenha uma ideia: o Hospital Regional, quando saiu do zero, na época do governador Anastasia, com 80% da obra concluída. Já tem quase quatro anos que não chegam recursos do estado. É bom lembrar que aquilo é uma obra estadual. O município não tem poder suficiente e nem recursos para concluir aquela obra. Então é uma das obras que ficou para trás aqui na região. Se não tiver força política, um lobby muito forte, as coisa não acontecem como deveriam acontecer, para mudar a vida das pessoas. Outro exemplo, o caso da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). É uma obra de R$ 70 milhões a fundo perdido, que estava parada por falta de duas coisas: uma licença ambiental e um recurso de Brasília que estava lá, empenhado, sai ou não sai, desde 2011, ou até antes um pouco, uma obra tão importante para Sete Lagoas e a região. Nosso esgoto é jogado no Rio das Velhas, através do Córrego Diogo, e sai sujando aí para baixo, as outras cidades são prejudicadas pela falta de tratamento de esgoto. Então, essa força política aconteceu quando nós assumimos o governo, ao lado do Leone, nós tínhamos esse desafio. Então, nós fomos atrás. Conseguimos essa licença ambiental e os recursos em Brasília. É imporante que essa força política exista regionalmente porque não podemos ficar esperando dez, doze anos para realizar uma obra tão importante. Quem tem força maior, infelizmente, busca mais. Não deveria ser assim, mas enquanto não tivermos um sistema municipalista, vai ser importante ter representantes para se ter vez e voz na captação de recursos para a região.
Continua em breve...
Por Cyro Gonçalves
Sete Lagoas Notícias