Jogar um copo de cerveja em Rodrigo em um show e chamá-lo de babaca dentro de um supermercado. Foi assim que as minhas amigas Rayane e Carol praticaram “vingança” com as próprias mãos contra o meu ex por todo mal que ele havia feito, e pelo transtorno que ele ainda conseguia causar em minha vida. Enquanto isso, preparava-me para estar bem longe da cidade onde Rodrigo, enfim, se casaria.
Não era dor, nem tristeza o que sentia, mesmo assim, incomodava-me vê-lo realizar um sonho que parecia ser tão nosso quando namorávamos. Tentando não pensar sobre o assunto, aceitei o convite de uma amiga para conhecer o litoral paulistano, não sem antes receber a família da mãe de Rodrigo em minha casa. Desde o fim do nosso relacionamento, não havíamos nos encontrado novamente. Eles fizeram questão de me ver: trouxeram-me flores e me abraçavam com um pesar de quem parecia ainda viver o luto pelo fim do meu noivado, por pouco, a situação não se transformou em um funeral.
Sem ter muito o que conversar e, sabendo que eu tinha conhecimento do motivo que os trazia à minha cidade, rapidamente foram embora. Tão rápida quanto eles, fiz minha mala para sair logo do lugar que me fazia sentir estranha.
Uma vez na praia, inúmeras caixas de som espalhadas pela areia competiam para saber quem tinha a melhor trilha sonora. Enquanto curtia o sol, vi chegar uma turma de aproximadamente dez rapazes que chamavam atenção das pessoas por causa do corpo atlético que exibiam. Acomodados bem próximos a nós, acabaram fazendo “amizade” com o irmão e o marido da minha amiga.
Com um ambiente propício a azaração, olhares começaram a ser trocados. Mesmo descrente em virtude das últimas experiências frustradas que havia tido, houve um momento em que era impossível negar ser comigo aquela troca de olhar. O marido da Bruna, junto com o seu cunhado e os novos amigos, se refrescavam no mar, enquanto minha amiga com sua outra convidada, tinha se retirado para ir ao banheiro; pareceu-me até combinado.
Na caixa de som da Bruna, começou a tocar o feat da Anitta com a Pablo Vittar, “Sua cara”. A música, quase que literalmente, parecia descrever o momento que vivia “... você já tá querendo e eu também, mas é cheio de história e de porém, virou covarde, tô com vontade, mas você tá demorando uma eternidade...”
Não sendo suficientes os olhares, o rapaz que visivelmente me encarava, começou a dar sinais com a cabeça, numa tentativa de me convidar para uma conversa mais reservada.
Desconfiada e com a autoestima baixa, olhei para trás tentando encontrar alguma outra pessoa em quem ele pudesse estar interessado.
Sem chances pro azar dessa vez; era eu, sem dúvida, a escolhida. Achando engraçada a sua estratégia corporal para me dar sinais, esbocei um sorriso que tentei a todo custo esconder. Mesmo não tendo aceitado conversar longe de nossos amigos, os sorrisos ora largos ora tímidos que trocávamos, confirmavam o interesse de ambas as partes. A Samara, que também já havia encontrado o seu admirador, trocou telefone e informou ao grupo os próximos passos que daríamos após uma tarde praiana. Comunicou-lhes que à noite estaríamos em uma casa de shows conhecida na cidade de Guarujá. Ao chegarmos ao local, os rapazes já nos aguardavam animados.
Encontrei nessa noite a salvação para um sentimento desvairado de competição que experimentava. Sentia-me como se estivesse saindo mais uma vez derrotada por Rodrigo, por não ter declarado o meu “felizes para sempre” primeiro. Curar a desordem emocional que o fim do meu noivado havia me deixado, demandava tempo. Precisava de me permitir vivenciar novas oportunidades, novas histórias, novas experiências ainda que fosse com um amor passageiro.
Assim, ao som de música eletrônica, com uma vista privilegiada e em segurança por ter meus amigos por perto, entreguei-me aos beijos daquele que me fez esquecer que a quilômetros de mim, Rodrigo dizia sim para a vida de casado.
Referências:
Guarujá: município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se na microrregião de Santos, na Região Metropolitana da Baixada Santista.
ADVERTÊNCIA: As informações expressas nesta coluna podem reproduzir situações reais e são de responsabilidade da autora, embora os personagens usados também possam ser fictícios.