Cumprindo a tradição, o Governo do Estado realizou, neste sábado (21), a cerimônia da Medalha da Inconfidência em Ouro Preto. Durante a solenidade, foram entregues comendas a 170 personalidades e instituições que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. Seguindo a Constituição do Estado, o governador Fernando Pimentel baixou decreto transferindo simbolicamente a capital de Minas Gerais para Ouro Preto neste dia.
Ouro Preto foi a capital mineira de 1823 até 1897. O prefeito Júlio Pimenta relembrou a importância histórica e democrática de cidade, destacada na data de hoje: “Ouro Preto se orgulha por ser o berço, o palco das celebrações do dia 21 de abril. Todo país reflete sobre a Inconfidência Mineira, momento de obstinação do nosso povo, que se expressou de forma veemente, contribuindo para os alicerces da independência da nação”.
Em seu discurso, o governador afirmou que “a batalha do nosso tempo é a mesma dos inconfidentes: a luta do ontem contra o amanhã. O Brasil viveu a escuridão do arbítrio após o golpe de 64 e caminhou nas trevas durante mais de 20 anos, até reconquistar a democracia. Hoje, essa conquista histórica, que tanto sacrifício custou à nação e à minha geração, está ameaçada pelas violências, perseguições, excessos e abusos de poder”.
Criada em 1952 pelo governador Juscelino Kubitscheck, a Medalha da Inconfidência possui quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência. Foram 40 agraciados com a Grande Medalha, 58 com a Medalha de Honra e 72 com a Medalha da Inconfidência. Confira a lista de todos os homenageados aqui.
Homenagem especial
Entre os agraciados, a vereadora do Rio de Janeiro e ativista dos direitos humanos Marielle Franco foi lembrada com destaque. Ela foi assassinada a tiros no mês de março na capital fluminense. Sua companheira, Mônica Benício, recebeu a honraria em sua memória. A esposa do motorista Anderson Pedro, que dirigia o carro em que estava a vereadora e que também faleceu no atentado, recebeu a homenagem em nome do marido.
“Estamos condecorando postumamente duas vítimas do ódio anacrônico e ignorante, que tenta calar a voz dos que lutam pela liberdade e pela justiça social. Falo de Marielle Franco e Anderson Pedro, cruelmente abatidos pelas mãos daqueles que querem submeter o Brasil ao arbítrio do fascismo, que já começa a mostrar suas garras sanguinolentas nos arreganhos de certos personagens toscos”, afirmou Fernando Pimentel.
Mudanças na cerimônia
Neste ano, atendendo aos pedidos da população e para minimizar os impactos na rotina da comunidade local, como, por exemplo, o fechamento de vias importantes da cidade, o Governo de Minas Gerais realizou a solenidade em dois momentos distintos.
Na Praça Tiradentes, o governador foi recebido com honras militares. Em seguida, colocou flores no monumento a Tiradentes e recebeu o fogo simbólico, fazendo o acendimento da Pira da Liberdade. Houve também salva de 21 tiros. O hino nacional do Brasil foi executado pela Banda de Música da Polícia Militar de Minas Gerais. Na sequência, Fernando Pimentel seguiu para o Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), acompanhado por crianças das escolas municipais de Ouro Preto e Rio Doce, onde entregou a Medalha da Inconfidência.
A entrega da Medalha da Inconfidência, que exige mais estrutura e tem maior impacto no dia a dia dos ouro-pretanos, ocorreu no Centro de Artes e Convenções da UFOP. Com a mudança, a cerimônia durou, entre preparativos e solenidade, menos de 24 horas. Em anos anteriores, o local chegou a ficar fechado por mais de 10 dias.
A demanda partiu de lideranças políticas, comerciantes e moradores, afetados pela realização do evento, e foi encaminhada ao governo por meio de ofício. A manutenção, no entanto, de parte da solenidade na Praça visa preservar as tradições da entrega da maior honraria concedida pelo Estado de Minas Gerais.
Da Redação
Com a Agência Minas
Sete Lagoas Notícias