Nascido em Belo Horizonte, o vereador Marcelo Pires Rodrigues, mais conhecido como Marcelo da Cooperseltta, chegou a Sete Lagoas aos 11 anos. Sonhava ser jogador de futebol e chegou a tentar a sorte nas categorias de base do Atlético-MG antes de virar motorista do transporte alternativo na cidade. Aliás, é justamente por sua história na Cooperativa Sete-lagoana de Turismo e Transporte Alternativo (Cooperseltta) que ele carrega no nome de vereador essa associação.
A vida pública começou quando membros da coopertativa, no intuito de ter uma representação na Câmara de Sete Lagoas, resolveram, após um plebiscito interno, lançar o nome de Marcelo como candidato. Deu certo. Ele foi eleito em 2008 com mais de 2.700 votos. Foi líder do prefeito logo no primeiro mandato e reeleito nos dois pleitos seguintes.
Nesta entrevista exclusiva ao SeteLagoasNotícias.com.br, ele fala da experiência de trabalhar na gestão de Leone Maciel, como secretário municipal de Esportes e Lazer, e de suas motivações para voltar ao mandato na Câmara de Sete Lagoas, além de fazer uma análise do cenário político da cidade e do país.
7LN - Como classifica a experiência de sair do Legislativo para fazer parte do Executivo?
Marcelo da Cooperseltta - Eu fiquei grato pelo convite, uma experiência nova, porque eu já estava com dois mandatos de vereador. Eu entendi que poderia colaborar, contribuir, aprender e amadurecer muito, porque estava do lado de cá cobrando, cobrando, e eu vou para lá para ser cobrado e para executar. Então foi uma experiência maravilhosa, foram várias cobranças. Consegui, com toda a autonomia do prefeito, executar inúmeras ações do Executivo na Secretaria de Esportes.
7LN - Como foi fazer parte do governo Leone Maciel?
Marcelo da Cooperseltta - Maravilhoso. Na verdade, é um prefeito que tem um diálogo com os secretários, faz várias reuniões, dá a oportunidade de mostrarmos os nossos projetos, acredita nos seus secretários e os secretários têm autonomia para trabalhar. Então, isso foi muito bom, porque tinha toda autonomia de discutir matéria, de esclarecer para ele, mostrar os pontos positivos e os pontos negativos. Para mim foi uma experiência importante e pretendo, quem sabe, um dia voltar a dar continuidade ao nosso trabalho.
7LN - Qual é o legado que o senhor enxerga ter deixado para a Smel e o que leva dessa experiência?
Marcelo da Cooperseltta - Uma equipe extraordinária, esse é o nome. Uma equipe que gosta do que faz, que ama o que faz. Foi montada uma equipe, através do processo seletivo do Pelc, que é apaixonada com esporte e com lazer. No Mexa-se, professores e estagiários que amam o que fazem, que são apaixonados pela profissão. Uma parte administrativa que, hoje, é o secretário Fabrício, que conheci como servidor efetivo e que são vários servidores efetivos que estão lá e entendem, sabem fazer bem feito. Então, a primeira coisa do legado é uma equipe maravilhosa. E a experiência que eu trago comigo é com relação ao que dá para ser feito. Sabemos a dificuldade do Poder Executivo, mas conseguimos fazer 100% do que estava proposto e mais 60% além do que estava proposto, dentro desse ano lá, porque buscamos parcerias. Então, é a parceria público-privada que faz acontecer. Eu trago, hoje, aqui pra Câmara, mostrando que as parcerias com as empresas, com os apaixonados com Esporte, podem somar muito, podem fazer acontecer sem gastar dinheiro público. Por a vida toda eu trabalhar com esporte, ser desportista na cidade e conhecer os problemas do esporte, eu aceitei esse desafio. Uma das melhores coisas que fiz na vida foi ir para a Secretaria de Esportes. Sem nenhum recurso, mas com muita parceria, conseguimos manter o Mexa-se Saúde em Movimento. Como secretário ampliamos essa área, colocamos "Mexa-se Saúde em Movimento" porque entendemos que o "Mexa-se" não seria só uma dança na nossa gestão, mas trabalharia saúde, para melhorar a auto-estima da mulher e das pessoas que estão ali. Então, nós temos um up no Mexa-se e logo em seguida buscamos em Brasília algo que também estava esquecido, que é o Pelc, Programa Esporte e Lazer da Cidade, e colocamos inúmeros lazeres e diversão em dez pontos da cidade, com aulas de violão, aula de forró e aula de dança. A escolinha de futebol gratuita tem dez polos na cidade. Campos que existiam donos em área pública e cobrando das nossas crianças, nós acabamos com as escolinhas pagas e colocamos escolinhas gratuitas pelo Pelc. Foram contratadas mais de 70 pessoas.
7LN - Por que decidiu voltar à Câmara?
Marcelo da Cooperseltta - Na verdade foi uma decisão muito difícil, porque existe a questão da resolução, da lei, para que se tiver a oportunidade ou quiser candidatar para qualquer cargo neste ano, para deputado, enfim, nós tínhamos que desligar, fazer a descompatibilização seis meses antes da eleição. Então eu tomei a decisão porque nós estamos estudando, estamos trabalhando para uma pré candidatura a deputado estadual e com isso eu não poderia estar como secretário. Existia um tempo, uma data, que eu precisava fazer essa descompatibilização.
7LN - Como o senhor vê o cenário político em Sete Lagoas nas Eleições deste ano?
Marcelo da Cooperseltta - Complicado, não só em Sete Lagoas, mas no Brasil todo. O cenário político não é nada bom, porque a gente sabe das dificuldades, sabe da descrença que está a população brasileira, mineira, sete-lagoana com relação às nossas políticas. Mas se nós nos omitimos é muito pior. Nós precisamos colocar os nossos nomes. Nós precisamos ir pra batalha mostrar que há esperança, que nós precisamos mudar, precisamos ter coragem para fazer diferente. E é isso que nós estamos com intuito de fazer. Caso aconteça, caso realmente viabilize e a gente se torne um pré-candidato – porque existe uma convenção, existe todo um aparato e estou no partido muito forte, um partido de vários deputados já – se viabilizar, a nossa ideia é essa: é levar para a população ideias novas, pessoas novas, que realmente não têm medo. Não é comprar briga, mas vestir a bandeira do povo, ser a voz das pessoas, não só na Assembleia, mas em qualquer lugar em que estivermos. E é algo que nós precisamos colocar no nosso nome. Quem decide isso é a população e nós precisamos é estar à disposição da população. Então, se eu estive aí com três mandatos como vereador, e consecutivos, eu acredito também que nós podemos somar na Assembleia Legislativa.
7LN - Acha que alguém sai na frente na corrida pelas vagas de deputados federal e estadual?
Marcelo da Cooperseltta - Sim, não tenho dúvida nenhuma. Quem tem mandato realmente sai na frente do que qualquer outro pré-candidato, tem serviço prestado, tem condições de estar mostrando o trabalho como deputado. Eu tive a oportunidade de mostrar meu trabalho como vereador e como secretário de Esporte. Eu acredito que nós estamos correndo por fora, é uma briga de gigantes, Golias contra Davi. Então, a gente está aí, quem sabe, né? O que a gente tem a certeza é que quando Deus escolhe alguém, ele capacita. O que eu tenho no meu coração é que Deus me chamou para fazer um trabalho e, se for a vontade de Deus, da população sete-lagoana e da região, nós vamos ter a oportunidade de mostrar o serviço, de mostrar o nosso trabalho em outras esferas.
7LN – Além do senhor, sabe se na Câmara também existem vereadores com intenção de se candidatar às eleições deste ano?
Marcelo da Cooperseltta - Hoje tudo é especulação, porque nem eu posso te dizer que sou candidato. Na verdade, nós estamos aí trabalhando para uma possível pré-candidatura a deputado. Então, isso é deixar muito claro: existem nomes que receberam convites de partidos, que querem, que fazem a diferença. Nós temos ótimos nomes na Câmara Municipal para pleitear uma cadeira para deputado estadual e para deputado federal. O que a gente precisa é realmente viabilizar isso, porque a gente sabe que hoje é muito difícil, muito complicado. Eu acredito que existam vários nomes excelentes aqui na Câmara. Mas precisa realmente viabilizar isso. Você colocar o nome depende sim de você, mas ninguém ganha uma política sozinho. Um político, um cidadão, para ganhar uma eleição precisa de ter grupo, precisa de ter projeto. Grupo, que eu falo, é grupo de pessoas que acreditam naquele ideal, acreditam naquela pessoa e vão levar o nome dela. Nós vamos ter uma campanha de no máximo 35 a 40 dias, e isso limitou inúmeras coisas: limitou som, limitou valores, limitou placa, tamanho de placa... Na verdade será uma campanha rápida e que os pré-candidatos que saírem terão que ter um trabalho muito grande com relação à mídia, ao marketing e às pessoas, o grupo de pessoas que os rodeiam, para tentar projetarem os nomes deles para o estado todo com 35 dias.
7LN - Pode citar alguns desses nomes?
Marcelo da Cooperseltta - Sim, claro. Nós temos o próprio presidente da Câmara Municipal, presidente Caramelo, que eu tenho certeza que o nome dele foi ventilado por empresários, por pessoas, para que ele viesse candidato a deputado federal. Gilson Liboreiro, o nome dele também vem sendo ventilado. O Pastor Alcides também, o nome dele foi ventilado. E tantos outros que nós vemos aí que têm capacidade para estar, porque acredito que, se ele foi eleito pelo povo, ele está aqui legislando, tem capacidade de nos representar também na Assembleia. Então, não tenho dúvidas de que essas pessoas são excelentes nomes. O nosso vice-prefeito, Duílio de Castro, que tem trabalhado incansavelmente, que foi presidente da Câmara, que foi vereador por vários mandatos e agora está como vice-prefeito. Então, nomes nós temos.Temos que saber se nós vamos conseguir viabilizar para chegar até uma convenção e aí colocar o nome à disposição para se tornar, na data certa, no período certo, candidato a algum cargo eletivo neste ano.
7LN - Como o senhor avalia o atual momento político do país?
Marcelo da Cooperseltta - Uma incerteza muito grande. Hoje nós não temos nome para presidência da república. A gente vê vários nomes, vê várias pessoas ensaiando nome, vendo a dificuldade e a responsabilidade de conduzir um país que passou por tantos problemas como o Brasil. Tantos roubos, tantas fraudes e a gente vê um puxando o tapete do outro e quem tem perdido muito com isso é o cidadão brasileiro. Porque é importante isso e as coisas têm que vir à tona, precisa vir à tona. Mas onde que o brasileiro está ganhando? A corrupção está clara, mas o Brasil precisa andar. Então precisa, sim, tirar os corruptos, precisa fazer essa limpa. E eu acredito que momento é esse. É o momento do cidadão. Se ele quer mudança, ele não pode se omitir. E eu fico muito preocupado com isso porque o que a gente vê é o brasileiro falando que não vai votar, é o brasileiro falando que não quer, que tem nojo da política. E isso nos preocupa, porque se ele tiver esse entendimento, ele só vai beneficiar a quem está no poder. Então, a gente precisa, sim, ir para as ruas. Precisa votar. Precisa realmente colocar a cara para bater, precisa questionar. E o que nós vamos ver aí, se Deus quiser, são debates que eu espero que sejam democráticos, para que nós possamos analisar nomes que realmente tenham condições de conduzir o nosso Brasil.
7LN - Há solução para essa crise política e moral?
Marcelo Cooperseltta - Tem, depende de nós, depende é do brasileiro, depende do agora. O nosso voto vale é muito e se nós nos omitirmos e simplesmente deixarmos para lá, se virarmos as costas, vai piorar a situação. Primeiro, pedir a Deus que coloque – porque todas as autoridades são constituídas por Deus – homens dispostos a mudar essa situação e que realmente a população vote não por causa do rostinho bonito, não por causa de uma cesta básica, não por causa de um atendimento, de um carinho, mas que se coloque pessoas lá que tenham capacidade, que tenham condições de serem gestores e que realmente tenham temor a Deus com relação a gerir um país que é tão lindo, que é tão grande, que tem tantas riquezas. E que nós só vemos o lado ruim do Brasil, mas tem um lado bom. Nós temos aí uma juventude que tem sede de justiça, nós temos pessoas que querem realmente mudar. O nosso país é rico, rico em água, rico em terra, em tantas coisas que nós exportamos para fora, então nós temos muita coisa boa. Infelizmente, nós temos que parar de olhar as coisas ruins e começar a ver que o Brasil tem jeito.
Da Redação
Colaborou Ana Amélia Maciel
Sete Lagoas Notícias