O uso de anticoncepcionais, principalmente as pílulas, gera muitas dúvidas nas mulheres. As mais frequentes são em relação ao uso por muito tempo, os efeitos colaterais e a eficiência de cada método. O ginecologista obstetra Rogério Vicente Ferreira explica que a prescrição deve ser feita apenas por um médico que irá avaliar o perfil da paciente e seu histórico clínico para “escolher a menor dose de hormônio, aquela com menos efeito colateral, e quando é um hormônio chamado combinado a melhor progesterona que se adequa melhor ao perfil da paciente”.
O médico é diretor regional da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig) em Sete Lagoas e explica que, geralmente, a mulher escolhe junto ao seu ginecologista se o anticoncepcional será administrado com pausa ou contínuo, e ainda se o método utilizado será a pílula. Em casos com algum histórico clínico é que alguns métodos são mais recomendados que outros e em casos de pessoas acima de 45 anos e também de fumantes, há prescrições especiais.
O médico esclarece que “o risco de trombose não impede o uso do anticoncepcional, este risco existe se houver associação com outras doenças raras, como por exemplo as trombofilias”. Por isso, o medicamento deve ser escolhido de acordo com o perfil de cada paciente, para avaliar quais substâncias aquela pessoa não pode tomar, uma vez que agravariam o quadro já existente. O médico tranquiliza as mulheres que tomam seus anticoncepcionais prescritos por ginecologista e que fazem acompanhamento regular, que não há motivo para a troca da medicação.
A utilização de anticoncepcional oral é contraindicado para mulheres usuárias de drogas ilícitas, anticonvulsivantes e de alguns psicotrópicos. “Pacientes que usam medicações ou drogas que o fígado metaboliza essas devem tomar cuidado com a falha do anticoncepcional. Quanto maior for a performance central da droga, maior a inativação do anticoncepcional. A cannabis que é a maconha tem metabolismo mais leve então a interação é menor, mas o alcoolismo também afeta a ação do anticoncepcional pela lesão das enzimas hepáticas”, esclarece o diretor.
Tempo prolongado e o que é menstruação
Segundo Rogério, o uso de anticoncepcionais por tempo prolongado não prejudica a saúde da mulher e não há problema em não menstruar. Ele explica que “existe uma camada funcional dentro do útero, o endométrio, e essa camada, mensalmente, pela baixa de hormônio, causa uma ruptura e desgarra da lâmina basal, que é uma lâmina um pouco mais funda. Ao desgarrar, ela rompe pequenos vasos e é isso que faz o sangramento. Quando você estabiliza a dose de hormônio, não vai haver a ruptura da camada endometrial e clinicamente a paciente não vai ter evidência do sangramento vaginal mensal”.
Esquecimento
A mulher que toma anticoncepcional há muitos anos, quando parar de tomar a medicação, o organismo estará pronto para voltar a ovular normalmente. O ginecologista alerta para que nestes casos deve-se parar de tomar a medicação apenas no final da cartela.
Um alerta dado pelo médico é que as mulheres que usam anticoncepcional contínuo não se esqueçam de tomar o comprimido, se não utilizarem outro método contraceptivo em caso de não querer engravidar. As gestações nesses casos são descobertas tardiamente e podem ter riscos para a mãe e para o bebê.
O ginecologista recomenda que quando houver de esquecimento tanto no modo cíclico quanto no contínuo deve-se tomar o esquecido e não interromper a cartela. Para as mulheres que fazem uso contínuo, ainda é enfatizado que, durante os dez dias seguintes, usem outros métodos contraceptivos.
Contraceptivo de emergência
O ginecologtista alerta que o contraceptivo de emergência, mais conhecido como pílula do dia seguinte, deve ser utilizado com mais consciência, uma vez que seu uso frequente pode causar gestação nas trompas, tem mais risco de falha, além de ter consequências para a saúde da mulher. A medicação só é indicada para quem não utilizou nenhum outro método contraceptivo, mas é um remédio que não atua inibindo a ovulação.
A pílula do dia seguinte, de acordo com o Rogério Vicente, é uma dose extra de hormônio que faz com que mude de direção do fluxo ciliar que move o embrião (zigoto ou óvulo fecundado) dentro das trompas e não deixa que ele chegar ao útero, mas muitas vezes ele se desenvolve nas trompas. Ele relata que principalmente adolescentes que vêm no contraceptivo de emergência uma solução mais fácil, acabam tendo esse tipo de gravidez ou perdendo a trompa em cirurgia por utilizarem de forma indiscriminada.
Por Ana Amélia Maciel
Sete Lagoas Notícias