No quarto dia de protestos e paralisação do escoamento da produção por parte dos caminhoneiros pelo país, Sete Lagoas já passou a sentir de forma severa os efeitos do movimento organizado pela Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam). Boa parte dos postos de combustíveis da cidade já enfrenta o desabastecimento.
Desde essa quarta-feira (23), a entrada da Refinaria Gabriel Passos, da Petrobrás, em Betim, está bloqueada. A unidade é responsável por grande parte do fornecimento de combustível no estado. Os próprios funcionários da empresa anunciaram apoio ao movimento e também paralisaram as atividades. Em todo o país, estima-se que mais de um milhão de caminhoneiros estejam parados nas rodovias.
Durante a tarde dessa quinta-feira, flagrantes de pessoas armazenando o combustível em galões e transportando em carros de passeio, o que é proibido por lei, foram denuciados em redes sociais. Alguns postos abusaram da pouca oferta e aumentaram o litro da gasolina significativamente, o que também pode ocasionar sanções, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
Homem é flagrado enchendo galões para transportar em um veículo de passeio, prática proibida pela legislação
Órgãos como o Procon recomendam ao consumidor exigir a nota fiscal e em seguida fazer a denúncia, nesse tipo de situação. Em Pedro Leopoldo, a 36 km de Sete Lagoas, já há registros de postos vendendo o litro da gasolina por valor superior a R$ 5,00.
Negociação
Na segunda reunião com representantes de onze categorias de caminhoneiros, o governo buscou um acordo, mas nem todos os presentes aceitaram a proposta. O representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, negou o acordo proposto pelo governo de suspender a paralisação por um período entre 15 dias a um mês enquanto o governo continua trabalhando para reduzir o preço do diesel.
Lopes disse que outros líderes da categoria se mostraram receptivos à proposta de suspender a paralisação, mas ele se recusou e deixou o local antes do fim da reunião. A Abcam representa 700 mil caminhoneiros, com 600 sindicatos espalhados pelo Brasil.
“Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. Eu coloquei que respeito o que meus colegas pediram e estão sendo atendidos, que acho ser coisa secundária, e disse que vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes. Ele disse ainda que não fala em suspender a paralisação enquanto o Senado não aprovar a isenção do PIS/Cofins, projeto aprovado ontem pela Câmara .
Motoristas individuais
Enquanto a reunião se desenrolava no 4º andar do Palácio do Planalto, o representante dos motoristas individuais do Centro-Oeste, Wallace Landim, disse que sua categoria não está representada na reunião e que nenhuma decisão acatada na reunião será seguida por eles. Ele tem uma posição similar à do representante da Abcam e disse que enquanto o fim dos impostos sobre o diesel não estiver confirmado, a paralisação continuará.
“Não somos representados [pelas associações que estão na reunião]. Somos caminhoneiros individuais. Se a gente não estiver participando, não vai ter nenhum resultado. Pode sair de lá e falar que acabou a paralisação, que não adianta. A gente só libera a rodovia quando sair no Diário Oficial. Não estamos pedindo esmola, estamos pedindo o nosso direito”.
Da Redação
Com Agências
Sete Lagoas Notícias