Desde o dia 17 de março de 2020, escolas de todo o Brasil fechadas! Enquanto isso, de acordo com um levantamento realizado pelo Unicef, há mais de 5 milhões de crianças e adolescentes fora das salas de aulas. E na contramão da Constituição Federal e do ECA, que preconizam que crianças e adolescentes devem ser tratados como prioridade absoluta em todas as políticas públicas, vemos bares, restaurantes, clubes, shopping centers e até casas de shows já voltarem a funcionar, mas as escolas continuam sendo tratadas como o grande vilão da pandemia sem jamais terem tido a oportunidade de mostrar que seu funcionamento, desde que adotados protocolos já amplamente divulgados por importantes entidades ligadas à saúde e à proteção dos direitos sociais, como é o caso do próprio Unicef ou do Center of Desease Controll (CDC) dos Estados Unidos, pode ser seguro.
Além de grandes perdas educacionais para essas mais de cinco milhões de crianças, que obviamente, em vista da falta de estrutura das escolas públicas e de equipamentos e até sinal de internet nas casas dos alunos para manter o ensino remoto, aumenta o abismo que já existia em relação à qualidade do ensino na rede privada, crianças e adolescentes estão vulneráveis a prejuízos de cunho emocional, motor, de saúde mental, alimentar e de segurança. Isso porque, como nem todos os pais podem se dar ao luxo de trabalhar em home office, especialmente aqueles que trabalham nas atividades consideradas essenciais, essas crianças estão sendo deixadas em creches clandestinas, na casa de parentes ou até mesmos sozinhas em casa enquanto os pais saem para trabalhar. Com isso, já há pesquisas que mostram que, desde o fechamento das escolas, em março do ano passado, as ocorrências de violência doméstica, abuso sexual e até de gravidez entre crianças e adolescentes aumentaram assustadoramente.
Na mesma, ou em maior proporção, também subiu o nível de mulheres fora do mercado de trabalho, já que aquelas que não podem contar com uma rede de apoio, acabam por serem obrigadas a abrir mão de seus postos de trabalho para cuidar dos filhos. Pesquisa do IPEA, o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas, apontou que a presença da mulher no mercado de trabalho hoje é menor do que a vista nos anos 1990: um retrocesso de 30 anos de toda a luta pela independência feminina.
Fundadora e presidente da Associação Mães Reais, em Sete Lagoas, a jornalista Carolina Mendes milita, desde meados do ano passado, pela reabertura nas escolas. Ela se juntou a movimentos como o “Juntos Pela Educação”, que reúne médicos mineiros e o “Pais pela Educação”, na luta pela reabertura das escolas. “Temos visto uma situação de grave negligência do poder público em relação a um direito fundamental para crianças e adolescentes, que é a educação. A falta de políticas públicas e de um planejamento efetivo para a reabertura segura das escolas, em especial as públicas, dá munição a ações de sindicatos como o Sinpro e o Sind-Rede, que recorrem à justiça para barrar as tentativas do Estado e de municípios de reabrir as escolas. Da mesma forma, apenas agora, 14 meses após o início desse lockdown pediátrico sem sentido, temos visto alguma manifestação da Defensoria Pública e do Ministério Público no sentido de cobrar do Estado e das prefeituras um plano de ação concreto para o retorno das crianças e jovens às salas de aulas”, explica.
Carolina explica que diversos estudos e exemplos de sucesso sobre escolas abertas durante a pandemia podem ser vistas no Brasil e no mundo, e defende que as autoridades mineiras se espelhem nesses bons exemplos para garantir o direito das crianças à educação. “Países como Estados Unidos, França, Inglaterra e Israel tiveram longos períodos de escolas abertas, mesmo nos momentos mais críticos da pandemia. Na Austrália, por exemplo, grande parte das escolas nem chegou a fechar. O que vimos lá fora e até aqui mesmo, no Brasil, é que a reabertura das escolas não aumenta as taxas de infecção pela COVID, da mesma forma que mantê-las fechadas não diminui. Enquanto isso, nossos filhos estão sofrendo episódios de depressão, crises agudas de ansiedade e até mesmo sintomas de stress pós-traumático em razão dessa negligência”, conta a jornalista, que chama a atenção, ainda, para a situação de crianças que vivem em situação de vulnerabilidade social. “Eu digo por mim, que apesar de todos os problemas, meus filhos ainda são privilegiados. Vivemos em uma casa espaçosa, com um quintal onde eles podem brincar, mas sabemos que o mundo lá fora é bem mais cruel com as crianças. Crianças que vivem em espaços pequenos, insalubres, em comunidades violentas e tinham, na escola, um espaço seguro de aprendizado, socialização e convivência”.
MEDO
A jornalista, que além de defender a causa nas redes sociais (@mendescarol), agora encabeça o seminário online “Escola preparada, criança segura”, que acontece na próxima quinta e sexta-feira, acredita que o que tem feito com que tantos pais estejam tão resistentes ao retorno é a falta de informação. “Há muita desinformação rolando por aí, especialmente nas redes sociais. Vemos também alguns sindicatos jogando sujo, publicando dados incorretos e manipulados para causar pânico nas famílias. Por isso venho batendo na tecla da qualidade de informação, das pessoas não acreditarem na primeira mensagem de WhatsApp que veem, porque se analisados os estudos científicos com critério, temos indícios consistentes de que o retorno pode ser seguro, desde que haja estrito cumprimento dos protocolos. E apesar de muita gente fazer um pré-julgamento, de que crianças não sabem seguir protocolos, eu afirmo que sim, elas são capazes de ter até mais disciplina que os adultos, desde que ensinadas e orientadas”, revela.
O Seminário “Escola Preparada, Criança Segura” acontece de maneira totalmente online e gratuita, nos dias 20 e 21 de maio, a partir das 19h30. Para participar, é necessário preencher o formulário que está disponível no perfil da Associação Mães Reais no Instagram (@maesreais7l). Apresentado pelo Sinep-MG, o Sindicato das Escolas Particulares, o evento estará disponível também para pais de escolas públicas, graças ao apoio de empresas que estão subsidiando a participação de pais de alunos do ensino público. Agradecimentos à CIOP, IPEME Clínica de Vacinas, Sicoob Credisete, Ero Odontologia, Gellak, Clínica Inovar, Lusciméia Reis, Radio Musirama, Sete Lagoas Notícias, Jornal Sete Dias e Salão Eskove.
CONFIANÇA
O seminário vai trazer especialistas de renome para falar sobre direitos das crianças e adolescentes, sobre como a COVID de fato afeta esse público, sobre quais são os protocolos que pais e educadores devem observar nas escolas e também sobre como preparar nossos filhos psicologicamente para esse retorno, visto que eles já estão há mais de um ano fora do ambiente escolar e precisarão ser reinseridos nesse contexto. “O que queremos, com isso, é que os pais possam voltar a confiar nas escolas que escolheram tão criteriosamente para seus filhos. Havia uma relação de confiança entre pais e escola e essa relação foi quebrada em razão da desinformação e do sensacionalismo como essa pandemia tem sido tratada. Queremos que os pais voltem a enxergar a escola como um lugar onde seus filhos estarão seguros”, completa a jornalista.
Informações Mães Reais
Sete Lagoas Notícias
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