A última reunião deste sábado (26) sobre a greve dos caminhoneiros ocorreu entre o presidente Michel Temer, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. A Polícia Federal instaurou 37 inquéritos em 25 estados para apurar a prática ilegal de locaute, quando a paralisação dos funcionários tem iniciativa ou apoio das empresas.
Os ministros comentaram os resultados, mas não fizeram qualquer prognóstico sobre quando ocorrerá a normalização do abastecimento. Etchegoyen disse que “não há curva indicativa de que ocorrerá em um dia ou três dias. É muito difícil prever a data para normalização. Esperamos que ocorra o mais breve possível, mas não há previsão”. Mesmo sem essa previsão, os ministros exaltaram a tendência de normalização. "Já temos os principais aeroportos, principalmente os hubs das companhias aéreas, muito próximos da normalização", afirmou Etchegoyen.
Sobre as estradas, Jungmann exaltou que aumentou o número de rodovias liberadas. Segundo ele, praticamente 50% dos pontos com protesto já tiveram trânsito liberado. Mais cedo, o porcentual de pontos com trânsito livre era de 45%. Os números citados à noite pelo ministro mostravam 1.090 pontos de protesto. De manhã, eram 1.140 locais. De acordo com o último boletim da PRF, em Minas Gerais ainda há 57 pontos de interdição.
Inquéritos
Segundo o ministro da Segurança Pública, os mandados de prisão já foram expedidos, mas ele disse que não poderia informar se já tinham sido cumpridos por uma questão de segurança. De acordo com ele, não são apenas os suspeitos que estão sendo convocados para prestar depoimentos, mas também representantes de todas as grandes empresas de transportes terão que prestar esclarecimentos.
"Temos comprovado, seguramente, que essa paralisação por caminhoneiros autônomos, em parte, teve a promoção e o apoio criminoso de proprietários e patrões de empresas transportadoras distribuidoras desde o início. Podem ter certeza que irão pagar por isso", afirmou o ministro, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, na noite de sábado, após a segunda reunião do gabinete de crise que acompanha a greve dos caminhoneiros, que ontem entrou no sexto dia, causando uma grave crise de abastecimento no País.
O ministro afirmou que o governo fez acordo "de boa fé", ontem, com entidades que representam o sindicalismo "tradicional" dos caminhoneiros, porém, em paralelo, avalia que há uma parcela minoritária de 30% que mantém a obstrução nas estradas. Este grupo estaria dividido entre uma ala "desorganizada", que consegue espalhar o movimento rapidamente através das redes sociais, e outra "criminosa", que teria origem na prática de locaute, o que dificulta as tentativas de negociação.
"Identificamos com a maior clareza movimento criminoso de parte dos senhores proprietários donos de grandes empresas, que não permitem, não engajam, não liberam os caminhoneiros. Pelo contrário, lhes dão apoio para permanecer paralisados", afirmou.
Estratégia
Para sufocar o movimento, o governo Michel Temer buscou atuar em três frentes: a Polícia Rodoviária Federal (PRF) entregará ao Ministério Público Federal relatório atualizado de todas as multas aplicadas a caminhoneiros autuados nas estradas no processo de desobstrução; o governo diz que também passou a aplicar multas de R$ 10 mil por dia para caminhoneiros e R$ 100 mil por hora para empresas que continuarem resistindo na greve; e atuação mais efetiva das Forças Armadas na liberação das rodovias, principalmente das vias consideradas fundamentais para distribuição de combustíveis e produtos essenciais, como hospitalares.
Segundo Jungmann, a Polícia Rodoviária Federal emitiu 400 autos de infração que ultrapassam R$ 2 milhões. Essas multas só dizem respeito a infrações ao Código Brasileiro de Trânsito e não incluem as sanções permitidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a greve ilegal.
Mais cedo, Temer assinou um decreto no qual permitiu ao governo assumir o controle de caminhões para desobstruir as rodovias. A medida, chamada de requisição de bens, já havia sido anunciada pelo governo na sexta-feira, mas, só seria tomada se houvesse necessidade. Pelo menos 800 motoristas das classes D e E do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão de prontidão em todo o País para serem empregados, caso haja necessidade. Mas este é considerado um último recursos pelo governo. Esses motoristas têm habilitação para dirigir inclusive a chamada carga sensível.
Da Redação
Com a PRF e a Agência Estado
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