O fisiculturista sete-Lagoano Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, morreu ao se envolver em uma confusão na boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte, na madrugada deste sábado (2). As circunstâncias do fato apontam versões contraditórias entre testemunhas e o relato oficial do estabelecimento.
De acordo com reportagem publicada pelo Portal O Tempo, um dos amigos da vítima alegou que os funcionários da boate forçaram a saída dele do local em meio a agressões. A 126ª Cia. do 5º Batalhão da Polícia Militar confirmou que ele tinha hematomas pelo corpo. Já os organizadores do evento alegam que Allan foi flagrado com drogas no local e que, ao ser abordado pelos seguranças, ficou exaltado e teve um ataque cardíaco.
O fato foi informado à PM pelos próprios organizadores do evento, por volta das 2h50 da madrugada. O tenente Jerry Adriano Martins de Abreu informou que os responsáveis pelo estabelecimento disseram que o fisiculturista foi abordado pelos seguranças com ecstasy e papelotes de substância semelhante à cocaína. “Os funcionários afirmam que a vítima ficou muito exaltada e que teve um mal súbito. Paramédicos que estavam no local teriam tentado reanimá-lo por mais de uma hora, entretanto, o rapaz não resistiu e faleceu no local por volta das 2h50”, contou o militar.
Ainda de acordo com o militar, um amigo da vítima afirmou que logo após Allan ter sido abordado no banheiro, os seguranças o levaram para um local isolado. “O amigo disse que não conseguiu ver o que aconteceu com Pontelo depois. Ao procurar o amigo, ele o encontrou recebendo massagem cardíaca e que, ao se aproximar, ele já estava morto”, completou o tenente.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a perícia foram até a boate. A vítima apresentava vários arranhões pelo corpo e lesões nos dedos dos pés. A corrente que ele estava no pescoço apresentava marcas de sangue e a blusa dele estava rasgada. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) da capital.
No carro da vítima, um HB20 F, foram achados apenas um pote de whey protein e de glutamina. Já os vigias afirmam ter encontrado no bolso do rapaz 68 comprimidos de ecstasy e dois papelotes de cocaína.
O boletim de ocorrência foi registrado como lesão corporal, seguida de morte. O tenente que conduz o caso explicou que a causa da morte somente poderá ser confirmada após uma autópsia e que o resultado deve sair em 30 dias.
O delegado Flávio Grossi, titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro, informou que pelo menos cinco agressões tiveram algum tipo de ligação com o estabelecimento no período de um mês e meio, no ano passado.
No dia 2 de novembro do ano passado, um estudante de direito de 22 anos foi agredido com uma barra de ferro dentro do local. Dois meses antes, o estudante de medicina Henrique Papini, 22, foi espancado a cerca de 500 metros da casa. “Em todos os casos, os envolvidos estavam dentro da boate, na saída ou na entrada”, detalhou Grossi.
Nota
A assessoria de imprensa da boate Hangar 677 divulgou uma nota sobre o ocorrido:
"Com relação às notícias que vem sendo veiculadas na imprensa sobre a morte do jovem Allan Guimarães Pontelo, temos a esclarecer:
- Os seguranças foram alertados sobre um jovem suspeito de fazer uso de drogas no banheiro do local.
- Ao ser abordado, o jovem reagiu e tentou fugir, mas foi conduzido para fora do evento, quando desmaiou.
- Ele foi imediatamente socorrido e conduzido ao Posto Médico de plantão, que conta inclusive, com UTI Móvel, sendo atendido pelo Dr. Pedro Henrique. Todos os esforços médicos possíveis foram utilizados no sentido de reanimá-lo.
- O SAMU também foi acionado e chegou ao local com duas unidades. Infelizmente, a equipe de atendimento também tentou, sem sucesso.
- Tais fatos estão sendo investigados e apurados pelas autoridades competentes, chamadas ao local pela gerência.
Estamos à disposição das autoridades para os esclarecimentos que se fizerem necessários. Lamentamos profundamente o ocorrido e aguardamos os esclarecimentos dos fatos".
Revolta
Também ao Portal O Tempo, o pai de Allan, Dênio Pontelo, de 45 anos, afirmou que acredita que o filho foi morto. "Isso foi um assassinato, como que seguranças, que deveriam proteger pessoas, matam um jovem forte. Meu filho ia formar no ano que vem em Educação física, tinha planos de casar. Eu vou fazer de tudo para que os responsáveis por esse crime sejam punidos", disse.
O pai da vítima afirmou ainda que o filho não usa drogas e que nada foi encontrado pela polícia: “Essa droga que os seguranças dizem que acharam com ele foi plantada pra manchar a imagem do meu filho. Tanto que a polícia não achou nada no carro dele, nem nenhum vestígio de droga no corpo dele. Tá muito difícil, parece que tem um morador de carne no meu coração. Perdi metade de mim”.
Já a namorada de Allan, visivelmente transtornada, divulgou um vídeo (clique para ver) acusando os seguranças de assassinato e cobrando que os responsáveis sejam punidos.
Da Redação
Com O Tempo
Sete Lagoas Notícias